O Grêmio está na final da Copa do Brasil. Justa e merecidamente. Porque foi tático, estratégico e inteligente para superar um São Paulo que tinha mais recursos técnicos e vinha em melhor momento. Mas tudo isso se esfarelou em 180 minutos em que teve a posse de bola em 70% do tempo, seguindo fiel ao seu modelo. Porém, parou em um Grêmio abnegado, que soube jogar o jogo.
Em Porto Alegre, foi renhido como exigia a noite. Em São Paulo, foi marcador como nos dias mais emblemáticos da construção de sua aura copeira. O que se viu no Morumbi foi exemplar no que se trata de um sistema de marcação. Todos marcaram, todos cumpriram uma função em campo. De Vanderlei a Diego Souza, passando por um Jean Pyerre que, pelas circunstâncias da partida, tirou o fraque e a cartola e se entregou às lidas de um jogador comum.
Renato pensou o jogo de volta de forma crua. Sem qualquer traço de soberba. O plano era marcar e, quando desse, dar uma estocada no ataque. Tanto que, até os 10 minutos, não se constrangeu de recuar suas linhas até a intermediária e esperar. Quando marcou a saída de bola do São Paulo, criou a melhor chance do primeiro tempo, perdida por Victor Ferraz, acertando a trave. Depois disso, tratou de abrandar o jogo e ditar seu ritmo. O relógio correu ao seu tempo. Sem pressa, apenas administrando sua vantagem. Assim, seguiu no segundo tempo.
Seguiu, não. Aprofundou sua estratégia. Tanto que o São Paulo só foi ameaçar nos acréscimos, quando Toró perdeu a única situação de gol criada em 90 minutos. Nesse momento, Fernando Diniz, desesperado, já havia colocado linha de cinco atacantes, trocado zagueiro por meia e postado seu time todo além da linha do meio-campo. O que em nada alterou a tranquilidade do Grêmio. Renato já havia colocado três zagueiros e recheado o meio-campo, à espera do que estava desenhado desde os primeiros movimentos da noite de pré-Rèveillon no Morumbi: a vaga na final era do Grêmio.
Será sua nona decisão na Copa do Brasil. Um recorde. Que venha o Palmeiras. Depois desses 180 minutos contra o São Paulo, Renato mostrou que seu time, que sabe jogar, também sabe fazer o jogo. O Ano-Novo azul começa promissor.