Gerardo Figueiredo é repórter do ABC Color e da Rádio Cardinal, dois dos principais veículos do Paraguai. Há seis anos, cabe a Gerardo fazer a cobertura do Guaraní, o adversário do Grêmio na noite desta quinta-feira (3), na Arena. Por isso, a coluna foi ouvi-lo para saber com que ânimo o clube chega a Porto Alegre depois de levar 2 a 0 no Defensores del Chaco. Confira a nossa conversa.
Como chega o Guaraní para esse confronto?
O Guarani decepcionou, caiu bastante seu nível de exibição, sobretudo em comparação ao que havia demonstrado na Copa Libertadores. Perdeu sua capacidade de pressionar o adversário desde o ataque, perdeu sua identidade. Isso aconteceu, também, em jogos do campeonato local. Desde que se retomou o futebol, depois da quarentena, baixou seu rendimento. Creio que isso tem relação com as negociações dos prêmios, por mais que neguem os dirigentes. Mas a partir daí caiu bastante o jogo. Isso se viu demonstrado na partida de Assunção.
O que houve nessa negociação que afetasse tanto o time?
Houve uma desconformidade. Havia algo acordado e, posteriormente, os jogadores quiseram incrementar essa premiação que havia sido pactuada. Não ficaram bem as relações. Os dirigentes, inclusive, cederam um pouco mais. Coincidentemente, baixou o rendimento. Para mim, é só uma coincidência, mas cada um pode observar como queira. Porém, é fato também que vários jogadores do grupo terminam seus contratos neste fim de ano e não os terão renovados. São nove. Além de Redes e Cecílio Dominguez, que estão acertados já com o Austin, da MLS. Redes, 20 anos, teve uma queda de rendimento a partir da negociação.
Outro que deve sair é Javier Báez, zagueiro e capitão, que fez toda a carreira na Argentina e estava no Dorados-MEX. Seu acordo acaba no dia 31 e não se falou sobre renovar. Era um dos líderes do grupo nessa negociação. Outro que baixou de rendimento no tornei local e neste jogo contra o Grêmio foi o argentino Merlini. Até quarta-feira (2), o Guaraní tinha exclusividade para comprar 80% dos direitos ao San Lorenzo. Não a exerceu, pelo custo elevado. Não jogará aí na Arena. Foi um dos destaques do time neste ano.
Por quê ele ficará de fora?
Não vai jogar porque será escalado um meio-campo mais combativo. Merlini é o jogador que inventa algo nos últimos 10 metros, 20 metros, com possibilidade de drible, pela velocidade e rapidez de movimento.
Como será formado esse time?
Será escalado um meio-campo com três jogadores de marcação (Cedres, Ángel Benítez e José Florentin) e três atacantes (Nicolás Mana, Raúl Bobadilla e Cecílio Domínguez). Na defesa, não haverá variação, com Sérvio no gol, argentino, de bom rendimento, tanto que querem naturalizá-lo. Na lateral-direita, o argentino Tripichio, de quem se esperou muito, mas não convenceu. O colombiano Romaña e Javier Baez serão os zagueiros. Na esquerda, Miguel Benitez jogará, já que Guilherme Benítez, o titular, ficou de fora contra o Grêmio por lesão. Ele até viajou para Porto Alegre.
Pelo que você diz, o Guaraní chega para encarar o Grêmio em um final de ciclo.
A cabeça já está do outro lado. Uma equipe inteira não vai continuar. Por mais que ninguém admita, que não afirmem, a cabeça já está do outro lado. Normalmente, acontece assim com os clubes paraguaios, termina a temporada e se começa um time do zero. Por isso, não têm estabilidade, não há grupos estáveis. O Clausura termina no dia 30 de dezembro, aí encerra a temporada no país.
Como está o Guaraní no Clausura?
Com a vitória de 2 a 1 sobre o Sportivo Luqueño, conseguida a duras penas, o Guaraní se meteu no grupo dos oito times que disputarão os mata-matas. Estava fora até o fim de semana. Nada garante que siga. Faltam ainda quatro rodadas.
O técnico Gustavo Costas também está em fim de contrato?
Sim, tem vínculo até 30 de dezembro. Creio que já esteja fazendo as malas de volta para casa. Costas tem um carinho imenso pelo Guaraní. Foi o primeiro clube que ele comandou fora da Argentina, em 2000. Recém havia iniciado sua carreira, no Gimnasia Jujuy, e fez um bom trabalho no Paraguai.
O que você espera do Guaraní em Porto Alegre?
O Guarani hipotecou por completo sua classificação ao perder por 2 a 0. Esperava mais do time contra o Grêmio, mas não muito, pelo que vinha fazendo no campeonato local.