Óscar Tabárez, não à toa, é chamado no Uruguai pelo apelido: Maestro. Foi a partir da volta dele ao comando que a Celeste voltou a ter relevância e vem se renovando sem perder qualidade. Tabárez assumiu em março de 2006. Havia ocupado o cargo entre 1988 e 1990 e levado o país à Copa da Itália. Quando voltou naquele fim de verão de 2006, o Uruguai estava fora da Copa da Alemanha. Quatro meses antes, havia perdido nos pênaltis para a Austrália.
A logística foi pavorosa. Os jogadores venceram por 1 a 0 em Montevidéu e, horas depois, atravessaram o mundo em um voo comercial para uma decisão que aconteceria quatro dias depois. Quando chegaram a Sydney, os australianos, que haviam viajado em voo fretado, já estavam descansados e se preparando para o jogo. Venceram nos pênaltis e voltaram a uma Copa depois de 32 anos.
Semanas depois de assumir, Tabárez começou a implementar o projeto que mudaria o rumo da Celeste. O primeiro ato foi inaugurar um CT para as seleções de base. A partir dele, desenvolveu uma ideia de futebol comum da equipe principal até o sub-15. Todos os convocados para as seleções menores precisam, como requisito básico, estar na escola.
Tabárez assiste a todos treinos e jogos possíveis da Celeste, do sub-15 ao sub-23. Monitora os principais talentos desde cedo e, assim, vai alimentando a seleção principal. A renovação é constante.
Alguns nomes desta versão 2022 já estavam presentes na Copa da Rússia, casos de Bentancur, Torreira e Nández. Neste novo ciclo, alguns estão sendo adicionados, como Viña, lateral do Palmeiras, e Nico de la Cruz, meia do River.
No 3 a 0 sobre a Colômbia, no calor do meio da tarde em Barranquilla, Tabárez lançou mais um jogador. O volante Gabriel Neves, 23 anos, do Nacional, estreou pela seleção principal ao substituir Bentancur, no segundo tempo. Ele foi chamado de última hora, para o lugar de Valverde. Nas duas primeiras rodadas, o zagueiro Ronald Araujo, 21, do Barcelona, e os meias Arambarri, 25, e De la Cruz, 23. Nesta noite contra o Brasil, mais um pode aparecer.
Agustín Oliveros, 22 anos, também do Nacional, deve ser o eleito para substituir Viña, vetado para o jogo. Tabárez, no entanto, mantém uma base veterana para dar segurança à turma que chega. Martín Cáceres, 33, Godín, 34 Cavani, 33, e Suárez, 33, são os tios hoje, mas eram os guris em 2010. Entre as duas turmas, há jovens rodados, como o zagueiro Giménez, 25 anos e duas Copas no currículo.
A nova Celeste
- Martin Campaña – Aos 31 anos, virou titular pela lesão de Muslera, 34 anos, que sofreu fratura em jogo do Galatasaray, em junho.
- Nahitan Nández – Meio-campista, jogador de alta rotação. Estava no Peñarol que inaugurou o Beira-Rio em 2014. Depois, foi para o Boca e, agora, defende o Cagliari. Tem 24 anos e foi à Rússia.
- Rodrigo Bentancur – Tem 23 anos e joga o fino no meio-campo da Juventus, de Pirlo, e da Celeste. Esteve na última Copa e, agora, ganhou mais espaço pela ausência de Valverde, 22 anos, que colocou Modric no banco no Real Madrid.
- Torreira – Meio-campista, chegou à seleção na última convocação antes da Copa de 2018, agradou e virou titular. É um caso raro de jogador chamado por Tabárez que não passou pelas seleções de base. Deixou o Wanderers aos 18 anos, para o Pescara. Defendeu Sampdoria e Arsenal antes de chegar ao Atlético de Madrid. Tem 24 anos.
- Agustín Oliveros – Lateral-esquerdo, 22 anos, esteve na seleção sub-23 no Pré-Olímpico da Colômbia, em janeiro. Vive temporada de sonho. Fechou 2019 rebaixado com o Racing no Uruguai e iniciou o 2020 no Nacional e, agora, chegou à seleção.
- Brian Rodríguez – Atacante, pode atuar por ambos os lados. Tem apenas 20 anos e, depois de se destacar pelo Peñarol, foi jogar no Los Angeles FC, na MLS. Estreou na seleção depois da Copa América. Com gol.
- Darwin Núñez – Tem 21 anos e já é visto na Europa como o candidato a suceder Suárez. Outra cria do Peñarol. Em 2019, foi vendido ao Getafe, por 7 milhões de euros. Um ano depois, Jorge Jesus o levou para o Benfica por 24 milhões de euros. Estreou na Celeste em outubro de 2019.
- Diego Rossi – Tem 22 anos e já foi chamado por Tabárez para as duas primeiras rodadas das Eliminatórias. Atacante, destro, outra cria do Peñarol. Joga há dois anos no Los Angeles FC.