Hexacampeão da Libertadores, o Boca Juniors sempre foi um modelo a ser seguido quando se trata de jogar a Copa, como os hispânicos do continente se referem à principal competição de clubes da Conmebol. Havia um "modo Boca" a ser copiado.
Mas isso acabou enuviado nos últimos dois anos até mesmo nos corredores da Bombonera. As duas derrotas acachapantes para o River, na final de Madrid, em 2018, e na semifinal de 2019, abalaram os alicerces do clube mais copeiro da América. Foi como se aquela confiança que atingia as nuvens foi puxada para o chão.
O próprio Boca tratou de olhar para dentro em busca de uma revisão interna. Ela começou com a troca na gestão do clube, nas eleições de dezembro. Saiu Daniel Angelici e entrou Jorge Ameal. O significado disso é que foi o ponto final de 24 anos de um grupo político no comando, um domínio que se iniciou com eleição do engenheiro Maurício Macri.
Foram anos dourados na virada deste século. Tão brilhantes que Macri virou prefeito de Bueno Aires e, depois, presidente da República apoiado nessas conquistas.
Para resgatar os melhores dias no campo e acabar com a hegemonia do River de Gallardo, o Boca alçou ao comando do futebol o ídolo Riquelme, o camisa 10 das grandes conquistas. O começo é promissor. O time iniciou 2020 com Miguel Russo no comando e atrás do River na tabela. Atropelou e chegou ao 34º título nacional em março. O plano de Riquelme foi limar do vestiário todos os vestígios das duas eliminações para o River. É esse o time que vem ao Beira-Rio encarar o Inter.
Confira quem é quem:
Andrada
Surgiu na Argentina como um fenômeno. Tanto que Maradona o levou da sub-20 para a seleção principal. Porém, não segurou a onda e teve uma carreira errante até brilhar no Lanús, vice da América para o Grêmio em 2017. Chegou ao Boca em agosto de 2018. Aos 29 anos, é reserva de Armani na seleção.
Buffarini
Campeão da América pelo San Lorenzo, nunca se afirmou no São Paulo. Chegou ao Boca em 2017. Tem 32 anos e, ao lado de Izquierdoz, é um dos remanescentes da final de Madri, em 2018.
Licha López
Aos 31 anos, chegou ao Boca em janeiro de 2019. Estava no Benfica, onde nunca se firmou de fato. Chegou na temporada 13/14 e acabou emprestado a Getafe, Inter-ITA e Genoa. Em dezembro, o Boca pagou 3,5 milhões de euros para ficar com ele em definitivo.
Izquierdoz
Chegou ao Boca em junho de 2018, vindo do Santos Laguna, do México. Foi um dos protagonistas da final da Libertadores. Fez gol contra, esteve envolvido no gol de Pratto. Sua liderança e firmeza na zaga, no entanto, o fizeram sobreviver ao jogo e Madrid. Tem 32 anos.
Fabra
É lateral-esquerdo da seleção colombiana. Perdeu a Copa de 2018 ao sofrer uma lesão séria no joelho uma semana antes da estreia. Tem 29 anos e está na Bombonera desde o começo de 2016, quando foi comprado ao Independiente Medellín.
Toto Salvio
Aos 30 anos, chegou ao Boca na metade de 2019, para ser o cara do time. A luta da mãe, que lutava contra um câncer e é torcedora fanática do Boca, o motivou a trocar o Benfica pela Bombonera. O clube argentino pagou 7 milhões de euros. Ele corresponde em campo. É quem leva o time à frente, mesmo atuando aberto na direita.
Capaldo
Tem 22 anos, é o caçula do time. Criado na Casa Amarilla, o CT da base do Boca, o volante destro tem no currículo passagens por seleção de base e a marca de ter perdido um gol incrível na semifinal de 2019 contra o River. Viru titular porque Pol Fernández negou oferta de renovação, mesmo com o Boca acertando sua compra ao Cruz Azul.
Campuzano
É o cão de guarda da defesa, embora quando tenha a bola saiba o que fazer com ela. Jogador da seleção colombiana, é mais um fruto do bom garimpo que o Boca faz nesse país. Tem 24 anos e veio do Atlético Nacional, no começo de 2019.
Cardona
Outro colombiano, mas esse com o estilo de jogo típico dos "cafeteros". Cardona brilhou no Atlético Nacional e foi para o México. Está em sua segunda passgem pelo clube. É um meia de qualidade técnica. Não fossem os problemas com o peso e alguns deslizes fora de campo, poderia estar na Europa. Tem 27 anos.
Tévez
Para se ter uma ideia da longevidade de Tevez, ele estava naquele Boca que eliminou o Inter da Copa Sul-Americana em 2004. Esta é a terceira passagem dele pela Bombonera. Com Miguel Russo, passou a ser o centro ofensivo do time e voltou a ser referência técnica. Está com 36 anos.
Soldano
Centroavante, 24 anos, foi contratado na metade do ano passado ao Olympiacos, da Grécia. Não chega a encantar por gols, o que seria sua função. Mas encaixou no time por fazer o trabalho pesado no ataque e, assim, deixar Tevez mais liberado para apenas jogar com a bola.