Anderson deixou Porto Alegre em agosto para iniciar uma nova vida na Turquia. O ex-meia de Grêmio e Inter é agora o técnico do sub-16 do Adana Demirspor. Foi lá que ele encerrou a carreira há exatamente um ano, depois de uma temporada na segunda divisão turca em que foi pouco aproveitado.
Anderson foi praticamente adotado pelo presidente do Adana, Murat Sancak, um milionário com empresas em diversas áreas, entre elas do ramo de mídia. Quando anunciou a aposentadoria do meia, Sancak revelou que o manteria, com um salário menor, como embaixador do Adana.
Queria explorar a boa imagem do ex-meia pela passagem vitoriosa no Manchester United, em que foi tetracampeão inglês, bicampeão da Copa da Liga e tetra da Supercopa, além de uma Liga dos Campeões da Europa e um Mundial de Clubes.
Anderson vivia em Porto Alegre até voltar para Adana, centro metropolitano no sul da Turquia e muito próxima da porção mediterrânea da costa do país. No fim de junho, o ex-jogador teve o nome envolvido numa operação do Ministério Público do Rio Grande do Sul que busca desarticular organização criminosa que desviou R$ 35 milhões de empresas, burlou esquema de segurança digital de banco e lavou dinheiro com bitcoins. Anderson teve o computador e o celular apreendidos na Operação Criptoshow, que relacionou uma de suas empresas, a House, com o esquema.
Anderson faz parte de um grupo seleto, o de técnicos brasileiros que trabalham no Exterior. Em um momento em que saudamos a vinda dos estrangeiros, os nossos treinadores não decolam lá fora. Sylvinho, ex-auxiliar de Tite, foi um caso raro de técnico a comandar um clube de primeira linha em uma grande liga.
Mas durou pouco no Lyon e saiu no começo da última temporada. A lista feita pelo site Brazukas aponta 59 treinadores brasileiros no Exterior, em 30 países diferentes. Aqueles em mercado de ponta, comandam times menores ou de base. Caso do ex-zagueiro do Grêmio Cris, no francês Grand Ouest Ass, do ex-volante Mineiro, no su-19 do Hebler 06, e de Milton Mendes, que topou o sub-23 do Marítimo da Ilha da Madeira, onde ele tem residência fixa.
Os nossos técnicos marcam presença em mercados secundários ou asiáticos. No Japão, Nelsinho Batista foi campeão da J-League 2 na última temporada e subiu o Kashiwa Reysol. Antônio Carlos Zago assumiu em janeiro o tradicional Kahima Antlers. Depois, ocupamos postos em clubes árabes, em um movimento que se iniciou no final dos anos 1970.
Fábio Carille está no Al-Ittihad. Marcos Paquetá é o supercampeão no Barhein. Na China, o ex-técnico do Grêmio e do Pelotas Marcelo Rospide encontrou seu espaço. Esse cenário, no entanto, mostra que ainda temos um longo caminho a trilhar. Não é de graça que, para os nossos professores, sobraram as bordas do mercado.