A Bundesliga mostrou ao mundo o caminho para a retomada do futebol em tempos de pandemia. Abriu a porta neste cenário enevoado pelo coronavírus e retomou seu campeonato para evitar a quebradeira geral.
A Alemanha foi exemplar no enfrentamento à covid-19. Mesmo assim, perdeu mais de pouco mais de 8 mil pessoas — e esse número dá ideia do tamanho do inimigo que estamos enfrentando. Quem fez o dever de casa, viu 8 mil famílias chorarem.
Mas é fato que a testagem em massa, o controle das ações e a mão firme da chanceler Angela Merkel anteciparam a retomada das atividades no país, incluindo aí o futebol, a partir de protocolos sanitários rígidos e bancados por uma liga poderosa, que tenta se ombrear em valores com Premier League.
Modelo
É aí que reside o grande desafio do lado de cá do Atlântico. Na proporção, o Rio Grande do Sul está para os outros Estados como a Alemanha estava para Itália e Espanha, que juntas tiveram quase 60 mil mortos pelo coronavírus. Podemos, é claro, repetir os protocolos adotados dentro do campo e manter a linha adotada pela Bundesliga.
A questão é que essa retomada vai além do campo. Mais importante do que a hora do jogo, foi a preparação adotada para realizá-lo. Os 18 clubes da Bundesliga, por exemplo, ficaram uma semana confinados em hotéis.
Os testes foram feitos em massa, em duas baterias de 1,7 mil cada. Na véspera de cada jogo, todo mundo é testado. O time que não entregar os resultados, não joga. Mais, a liga fez visitas surpresa para conferir se os clubes estavam seguindo as regras.
Em resumo, os alemães usaram um aparato todo que, certamente, só Grêmio e Inter aqui, e com muito esforço, poderiam repetir. O nosso desafio aqui é fazer com que os demais 10 clubes da elite gaúcha possam ter condições, pelo menos, semelhantes de controle dos atletas, de testagem e de confinamento para que possam se preparar com tranquilidade.
Talvez tenha chegado a hora de a FGF bater na porta da CBF e buscar, para o campeonato que será laboratório para os demais, uma ajuda financeira capaz de viabilizar um retorno sem percalços. Afinal, depende muito do Gauchão a volta do futebol no Brasil. O que fizermos aqui e o sucesso que alcançarmos será replicado Mampituba acima. Podemos ser a Bundesliga brasileira. Sempre, é claro, guardando as devidas proporções.