No fim de semana, o SporTV mostrou os VTs da semifinal e da final da Copa das Confederações da Alemanha, em 2005. Nessa abstinência de futebol, parei para ver os jogos contra a Alemanha e Argentina, vitórias de 3 a 2 e 4 a 1. Ronaldinho chegou à Alemanha como o melhor do mundo e a faixa de capitão da Seleção. Coube a ele levantar a taça na Commerzank Arena, em Frankfurt.
A Alemanha parecia eleita para ser o palco da consagração de Ronaldinho dali um ano. O que não aconteceu e significou o começo de um caminho cheio de curvas na vida do craque. Numa das últimas, ele se perdeu e acabou numa prisão em Assunção, por uso de passaporte paraguaio falso. Nesta segunda-feira, completa-se um mês da detenção de Ronaldinho.
O que inicialmente tinha matizes de uma ação do governo para dar ao mundo o recado de que o país guarani havia passado por uma revolução ética se prolongou. Primeiro pela teia de negócios suspeitos a qual os passaportes levaram.
O astro e seu irmão foram a ponta de um iceberg no país, numa investigação que já tem 15 pessoas presas por evasão de divisas, documentos falsos e lavagem de dinheiro. E segundo porque a quarentena fez a Justiça do país entrar em recesso. Dia desses, recebi no WhatsApp imagens de Ronaldinho jogando futevôlei na Agrupación Especializada, um quartel da Polícia Nacional do Paraguai transformado em cadeia. Estava desanimado, como se jogasse por jogar.
O sorriso, a marca registrada, havia desaparecido. Pior do que isso, caminhava com os ombros curvados e a cabeça baixa. Uma pena. Tomara que Ronaldinho tenha visto a final da Copa das Confederações. E acordado para a vida dentro da cadeia em que comemorou 40 anos no dia 21 de março. Afinal, nunca é tarde para tomar as rédeas da própria vida.