O presidente da FGF Luciano Hocsman volta a se sentar diante do seu computador nesta tarde para mais uma reunião com os 12 clubes do Gauchão. Os próximos passos e as medidas imaginadas pela Federação para a retomada do campeonato estarão na pauta. Hocsman também quer passar uma mensagem de tranquilidade aos dirigentes, acalmá-los neste momento de angústia pela paralisação do futebol devido à pandemia de coronavírus.
Com habilidade e posições seguras. o jovem presidente encara, nos primeiros quatro meses de gestão, o desafio de evitar que o rastro da covid-19 provoque estragos irreparáveis no clubes do Interior. Confira trechos da nossa conversa.
Há alguma reunião prevista com os clubes do Gauchão?
Amanhã (quarta-feira), faremos uma videoconferência. A ideia é dar uma atualizada no cenário, até para amenizar a ansiedade de todos, provocada pelo fato de estarmos sem o futebol. Vamos passar as clubes o que a FGF vem fazendo, o que imaginamos para uma retomada ali na frente. O objetivo maior da reunião é abordar questões mais práticas de quando retornarmos. Há ajustes de regulamento que precisaremos fazer, obrigatoriamente. Quero debater esses pontos e, caso não tenhamos um consenso nesta reunião, vou provocá-los para que tragam ideias, dar um prazo para maturação dela. Não precisamos sair com tudo definido desta videoconferência.
Há alguma ideia de data para retomada?
Trabalhamos com dois cenários, mas até evitamos de falar neles. Não é algo que dependa apenas da FGF. Não entramos em detalhes para, primeiro, não sermos desautorizados por responsáveis pelas questões sanitárias. Depois, porque corremos grande risco de criar falsas expectativas. Imagina a situação: a FGF define um dia para voltar o futebol no Gauchão e, de repente, autoridades de saúde baixam uma medida que impede a retomada. Causaria grande frustração, e não queremos isso.
Essa definição de uma retomada estaria atrelada ao calendário da CBF?
Quando a CBF suspendeu as competições nacionais e não mexeu nos Estaduais, deu autonomia de gestão para as federações. Trabalho também com uma situação de organização sistêmica, estamos dentro de uma organização de futebol, as datas são disponibilizadas pela CBF. Não tomaremos decisão sem estar alinhados com ela.
A Federação Catarinense preparou uma cartilha com medidas de prevenção a serem adotadas na volta das atividades dos seus clubes. A FGF elabora algum documento nesse sentido?
Estamos criando, não é bem uma cartilha, mas uma lista com orientações e cuidados que seriam importantes ter numa retomada. Em treinamentos, entre outros pontos, manter a limpeza e a higiene dos ambientes, os jogadores não dividirem garrafas na hora da hidratação, evitar aglomeração no vestiário, cuidados no uso de áreas comuns. Mas não encaminharemos esse documento aos clubes por enquanto. Temos de esperar a CBF. De qualquer forma, trabalhamos na criação de um protocolo, para deixá-lo pronto. Estamos criando também um protocolo de jogo, para uso no dia das partidas.
A FGF pensa em testes de covid-19 para os jogadores?
A Federação está fazendo cotações de preços de testes, estamos vendo para intermediar a compra de uma quantidade maior, o que baratearia o custo. Até para auxiliar, essa seria a nossa participação. Não temos condições de bancar testes. O valor mais barato que conseguimos foi de um fornecedor que traria 10 mil kits a US$ 30 a unidade. Daria US$ 300 mil (R$ 1,59 milhão). Houve oferta de R$ 220 cada kit, em lote de 500. Estamos recebendo alguns fornecedores.
No protocolo criado pela Federação Catarinense, fala-se até em viajar no dia da partida e em dois ônibus, com jogadores ocupando duas poltronas. Isso é viável com clubes de menor porte financeiro?
Para não lotar, talvez até se tenha de usar dois ônibus. Mas o regulamento fala em até 11 jogadores no banco, pensamos como alternativa diminuir o número de atletas, quem sabe para 18 relacionados. Quem não fardar, nem vai ao estádio, já que a tendência será de portões fechados. Esse será um dos pontos a serem debatidos, mexe com o regulamento. Aliás, qualquer mudança extemporânea no regulamento levaremos ao TJD e registraremos no Ministério dos Esportes, que precisa ser comunicado. Queremos evitar ações futuras. Aliás, espero que isso seja o menor dos problemas.
O Esportivo voltou antes de todos, se beneficiando de um decreto municipal. O que você achou dessa medida, já que havia combinação de todos voltarem no dia 30
Me surpreendi. Não foi um descumprimento regulamentar, mas de uma orientação importante da FGF, relacionada ao planejamento futuro do campeonato. Conversei com o presidente Laudir Picolli, e ele alegou que havia entendido mal, acreditou que essa data era para os clubes que estavam nas Séries A e B do Brasileirão. Ele se desculpou, ficou muito chateado. Depois, voltei a falar com um dirigente do Esportivo sobre esse assunto.
Como ficam outras duas divisões do Estadual, o Acesso e a Segundona?
A Divisão de Acesso, orientamos os clubes que pretendemos retomar a partir da rodada em que parou (3ª) em agosto. Essa é a intenção, pelo menos. Demos essa data por ser um cenário possível, sempre deixando claro que poderiam haver alterações. A Segunda Divisão e o restante do segundo semestre, com a Copa FGF, estamos avaliando. Conversamos com os clubes da Segunda Divisão, que é uma competição por adesão, eles que definem se jogam ou não. Agora, não dá para fazer. Acesso, Segundona e Copa FGF no mesmo semestre. Uma dessas duas últimas terá sua realização avaliada. Pretendemos chamar os dirigentes para uma videoconferência.