Em reunião na noite de terça-feira (25), os clubes participantes da Primeira Liga decidiram que não organizarão mais nenhuma competição de futebol. O encontro em Belo Horizonte envolveu equipes fundadoras da entidade, filiados e convidados.
A coluna entrevistou Marcus Salum, presidente do América-MG e da Primeira Liga. Confira:
Qual será a função da Primeira Liga a partir de agora, com a decisão de deixar de organizar uma competição?
A reunião de hoje (terça-feira) foi uma evolução da Primeira Liga. A afirmação de que é o fim dela, pelo fato de não organizar mais campeonato, não se pode fazer. A Primeira Liga está passando por um processo evolutivo. Não há mais espaço no calendário (para disputar uma competição). Assim, pegamos esse fórum criado pelos clubes para um projeto que evolua o futebol brasileiro. Os clubes têm de começar a pensar em resolver seus problemas. Já que temos esse fórum com clubes importantes, por que não começar a trabalhar isso? Temos uma entidade organizada, com dinheiro em caixa, pela qual tomamos todas as providências para trazer até aqui. Procurávamos uma destinação para a Primeira Liga e encontramos. Pensamos, inicialmente, em reunir apenas os filiados, mas como existe uma grande demanda em busca de melhora do futebol brasileiro, resolvemos em um debate seguir nesse caminho. Acho que representa uma evolução muito grande do nosso futebol.
O que foi discutido pelos clubes nesta reunião?
Temos problemas demais, e os clubes, trabalhando juntos, podem encontrar melhores soluções. Vou dar um exemplo: faz dois anos que estamos tentando vender direitos internacionais de TV. Através da Primeira Liga, vamos nos organizar para conseguir fazer essa comercialização. Vamos cuidar dos nossos interesses por meio da entidade.
A Primeira Liga ocupará um vácuo deixado pela extinção do Clube dos 13?
Eu diria que não dá para fazer essa relação. O clube dos 13 era elitista, de poucos clubes, tratava de cuidar de interesses de venda de direitos de TV de campeonatos e divisão de dinheiro. Nosso foco é mais aberto, não é para cuidar disso, mas dos problemas que estão matando os presidentes e os clubes.
A ideia é abrir as portas para todos os clubes?
Na verdade, convidamos alguns clubes, e eles vieram participar para trocar ideias. A Primeira Liga ficará aberta, desde que os clubes que vieram cumpram tudo o que vamos desenhar para essas ações, que venham para assinar conosco.
A ideia de uma competição está totalmente afastada?
Costumo dizer que nada nesta vida é definitivo, mas pensamos neste momento em ocupar esse espaço (de integração dos clubes) e buscar por melhorias nas legislações. Tratar dessa parte de direitos de empresários, discutir esses temas com profundidade e buscar novas receitas, como os direitos internacionais. Teremos logo ali na frente a mudança de plataforma (no consumo do futebol) e precisamos estar prontos. Há muita coisa acontecendo e temos de ver o que podemos fazer para buscar receitas nisso.
O calendário do futebol brasileiro foi discutido durante a reunião?
Ainda não. Por enquanto, estamos pavimentando o caminho. O primeiro passo é se organizar. Daqui 30, 40 dias vamos fazer nova reunião, mudar estatuto, convocar eleição e dividir os espaços para cada área da entidade.