A coluna deu uma breve repassada nos outros quatro integrantes das quartas de final da Libertadores que falam espanhol, além do Atlético Tucumán, adversário do Grêmio. É possível perceber que o novo contrato de TV assinado pelos argentinos em sua nova Superliga, administrada pelos clubes e um modelo que bem poderia nos inspirar, deixou-os com alto poder de investimento. Não à toa eles foram às compras nas férias — lá, o calendário segue o mesmo padrão europeu.
Boca de ouro
O Boca Juniors investiu pesado e deixou ainda mais equipado um grupo já cheio de figurões. Guillermo Barros Schelotto ganhou durante a Copa do Mundo alternativas do meio para a frente e soluções na defesa. O Boca montou quase uma defesa inteira nova. O goleiro Andrada veio do Lanús e deu a segurança que faltava à defesa. O zagueiro Izquierdoz foi comprado ao Santos Laguna-MEX por US$ 7,5 milhões e virou o companheiro de Magallán.
Na lateral esquerda, o uruguaio Olaza, parceiro de Nico López no vice do Mundial Sub-20 de 2013, foi trazido do Talleres. Peleia com Emanuel Más. Do meio para a frente, Schelotto tem motivos para sorrir. Tantos que deixa Tévez no banco sem contestações. Ele tem usado Zarate, tirado do Vélez numa transação que estremeceu Buenos Aires, e Pavón, convocado para a Copa da Rússia, por trás de Benedetto. Esse é o centroavante dos sonhos argentinos. Só não foi ao Mundial porque rompeu o ligamento cruzado anterior o joelho no final de 2017 e só agora recupera a melhor forma.
Sobram ainda, além de Tévez, Ábila, Cardona e Villa, colombiano de 22 anos comprado ao Tolima. Por 70% dos direitos dele, o Boca pagou US$ 3 milhões.
River e suas alternativas
Marcelo Gallardo prorrogou em janeiro seu contrato com o River até 2022. Se cumpri-lo até o final, serão oito anos à frente do clube em que cresceu e foi campeão da América como jogador e técnico. Com ele. o River ganhou, além da Libertadores 2015, a Sul-Americana 2014, as Recopas 2015 e 2016 e duas Copas da Argentina (2016 e 2017).
Mais do que taças, Gallardo tem histórico em mata-matas. Em 42, ganhou 34. Se contar só as copas internacionais, o percentual sobe: venceu 18 em 22. A confiança está em alta. Nas oitavas, o River despachou o Racing com um contundente 3 a 0 no Racing. A defesa está afirmada, com Armani, o goleiro titular da seleção, Montiel, Maidana, Pinola e Casco, com Ponzio à frente da área.
Do meio para a frente, sobram nomes. Pratto é o titular. Atrás dele, Exequiel Palácio, 20 anos, surgiu como um foguete neste começo de temporada. Desbancou Enzo Pérez, que foi à Copa, e já virou titular da Seleção. Pitty Martinez e o colombiano Quintero são outras figuras carimbadas, assim como Nacho Fernández. O uruguaio Mora, ídolo da torcida e autor de dois gols no sábado, o ex-colorado Scocco, o colombiano Borré e o uruguaio De la Cruz, irmão do santista Carlos Sánchez, são alternativas de luxo.
Independiente busca seu rumo
Ariel Holan fechou 2018 como o técnico mais incensado da Argentina. O ex-treinador de hóquei sobre a grama havia trazido novos métodos e ideias para o futebol e, com elas, vencido. Só que as baixas de nomes importantes como o zagueiro Tagliafico e o meia Ezequiel Barco desestruturaram o time.
Holan recebeu reforços importantes, como o atacante Sílvio Romero, buscado no América-MEX, e os meias Gaibor, ex-Emelec, e Braian Romero, ex-Argentinos Jrs.. Na metade do ano, vieram mais seis contratações. Entre elas, o meia uruguaio Carlos Benavídez, 20 anos, que enfrentou o Grêmio na Libertadores, pelo Defensor. Para o time titular, chegaram o volante chileno Francisco Silva, do Cruz Azul, o zagueiro Guillermo Burdisso, do León-MEX, e o atacante Cerutti, ex-San Lorenzo e que estava no Al Hilal.
Completaram a lista d compras o meia Pablo Hernández, 31 anos e ex-Celta de Vigo, e o goleiro Milton Álvarez. Holan chega para o confronto com o River mais aliviado. No sábado, o Independiente teve sua melhor atuação na temporada e a primeira vitória desde a conquista da Copa Suruga. Fez 3 a 0 no Colón e jogou como ele gosta, com verticalidade e velocidade máxima. O time mantém nomes vitais de 2017, como o goleiro Campaña, o volante Nico Domingo, o meia Meza e o centroavante Gigliotti.
Colo-Colo de Lucas Barrios
A principal arma do Colo-Colo é a rodagem de seu time. Nada de apostas nos jovens ou renovação. O time montado por Pablo Guede no início da temporada e que passou para as mãos do chileno Hector Tápia no meio da fase de grupos tem como trunfo a rodagem de uma equipe com média de 31,7 anos.
A defesa é comandada pelo goleiro Orion, 37 anos, ex-Boca e seleção argentina. O argentino Insaurralde, 33 anos, outro ex-Boca, é o xerifão. O chileno Fierro, 34, ex-Flamengo, tem sido usado na lateral-direita. No meio, está Valdívia, 34 anos, e o maestro do time. É ele quem fica liberado das funções de marcação para jogar e fazer o time andar. Com Tapía, o Colo-Colo joga com dois atacantes.
Um deles é bem conhecido dos gremistas. Lucas Barrios, depois de um semestre no Argentinos Jrs., voltou ao Colo-Colo, onde despontou para o mundo. Seu companheiro é Esteban Paredes, 38 anos. Para se ter uma ideia de quanto tempo faz que é titular do Colo-Colo, era ele o companheiro de Miralles quando esse foi buscado pelo Grêmio em 2011. Na fase de grupos, o Colo-Colo fez a pior campanha. Mas já deixou o Corinthians pelo caminho nas oitavas e faz dos jogos em casa, no Monumental David Arellano, para 47 mil pessoas, o seu trunfo.