Assisti a cinco ou seis jogos do Lanús nesta Libertadores. A maioria deles ainda na primeira fase, quando o time ainda não chamava tanto a atenção. Me lembro da partida contra a Chapecoense, na Arena Condá. Me impressionou a maturidade dos argentinos naquela partida.
Eles foram cozinhando o jogo, trocando passes, costurando com a bola e chegaram a ter 70% de posse de bola. A Chape até saiu na frente no início do segundo tempo, mas acabou envolvida e levou um, dois, três gols. À medida em que colocava a bola na rede, o Lanús enervava e desequilibrava o adversário.
É evidente que há uma distância gigante entre Chapecoense e Grêmio. São mundos diferentes. Mas esse jogo é um modelo claro de como funciona a equipe argentina.
O Lanús foge do script dos times argentinos da sua estatura. Nada de jogo baseado apenas na imposição física, na bola alçada para buscar o rebote e, principalmente, ancorar-se na força física. Pelo contrário.
É uma equipe que gosta do jogo macio, da troca de passes, da ocupação de espaços de forma ordenada e da articulação trabalhada usando muito os lados do campo. Foi assim que chegou, com Jorge Almirón, a três títulos em dois anos e à primeira final de Libertadores.
O antídoto para brecar esse Lanús está em outros dois jogos a que assisti dele nesta Libertadores. O Grêmio precisa avançar suas linhas, marcar lá em cima, cortar na raiz uma articulação que, muitas vezes, começa nos pés do goleiro Andrada.
O San Lorenzo, de Diego Aguirre, fez isso no jogo de volta das quartas de final. O River, no jogo de ida da semifinal, no Monumental de Núñez. Aliás, esse jogo do River é quase uma cartilha didática de como enfrentar o Lanús. Não é de graça que ele virou a sensação argentina e desafiou a lógica ao se infiltrar entre os grandes.