Em um primeiro momento, pode soar como um desafio aos astros apostar em Yeferson Soteldo, 19 anos. Afinal, se trata de um meia venezuelano escondido no Huachipato, aquele time mediano do Chile que fez estrago contra o Grêmio na Libertadores 2013 e apresentou ao mundo o centroavante Braian Rodríguez.
Mas, no caso de Soteldo, não se trata de uma aposta no improvável. O venezuelano de 1m60cm é cheque ao portador. Estreou com 16 anos como profissional no Zamora e, em janeiro, foi comprado pelo Huachipato por US$ 1,5 milhão.
Os chilenos repetem modelo de negócio feito com Rômulo Otero, buscado na Venezuela, lapidado e vendido ao Atlético-MG neste ano. A trajetória de Otero, aliás, inspirou o meia. Foi escolha dele esse estágio no Huachipato antes de voos maiores.
A diferença é que, com Soteldo, o tempo de lapidação no Chile será bem menor. O guri brilhou no Sul-Americano Sub-20, em janeiro, e conduziu o time ao Mundial da categoria, na Coreia do Sul, em junho. Ali, o mundo o conheceu. Mesmo se ressentindo de lesão no joelho, foi destaque na campanha do histórico vice (perdeu a final para a Inglaterra).
O técnico da seleção, Rafael Dudamel, não perdeu tempo e levou-o, com outros sub-20, para a seleção principal. Soteldo conta cinco jogos nas Eliminatórias. O telefone do Huachipato já toca em chamadas vindas do grandes do Chile e também do Brasil. O preço está fixado: US$ 5 milhões por 100%.
Soteldo é destro e dono de qualidade técnica acima da média. O que compensa sua estatura fora dos padrões atuais do futebol, em que força física e imposição são determinantes para ser titular. Pode atuar como armador e também pelo lado, na extrema. Os vídeos com seus lances no YouTube fazem lembrar muito Bernard, ex-Atlético-MG.
A baixa estatura, aliás, lhe valeu o apelido Manzanita (maçãzinha). No Chile, já o chamam de "Pequeno Gigante". A juventude de Soteldo contrasta com sua maturidade. Aos 19 anos, é casado e pai de dois filhos. Criado numa das maiores favelas de Caracas, diz que só está vivo graças ao futebol.
— Se não fosse pela bola, teria terminado mal, quem sabe morto. Tenho de agradecer ao futebol por ter me tirado de lá (da favela) — disse em entrevista ao jornal chileno La Tercera.