O gramado em que o Inter jogará neste sábado é um sobrevivente da maior seca do agreste pernambucano nos últimos 80 anos. Quem me conta é Lícius Cavalcante, biólogo, dono de uma escola e até o início de outubro presidente do Central Sport Club, o dono do Estádio Lacerdão, endereço do jogo deste sábado, contra o Náutico.
A seca foi tão forte, diz Lícius, que na região nenhum gramado escapou ileso. O Central precisou jogar as cinco primeiras partidas do Pernambucano fora – três delas na Capital e duas em um estádio menor de Caruaru, usado pelo Porto.
– Não tinha água para beber, imagina para aguar o gramado. Mas isso foi superado, passamos por aquele momento. Choveu bastante e até enchemos uma das duas barragens que nos abastecem – garante.
O gramado do Lacerdão foi trocado em parte. Naqueles locais em que o verde sobreviveu, apostou-se em revitalização. Na Série D, o Central mandou todos os seus jogos em sua casa. O Inter, lembra Lícius, esteve lá em jogo do sub-20 contra o Sport.
A cidade, conhecida como a Capital do Forró, está animada com a chegada do Inter. O Lacerdão tem capacidade para 19 mil pessoas. O Náutico colocou 15 mil ingressos à venda. A previsão de Lícius é de público acima de 10 mil torcedores. O presidente só lamenta a ausência de D'Alessandro. Aposta que o argentino levaria mais gente ao estádio. Sustenta que,mesmo sendo o Inter um gigante, hoje conta com um time "de guerreiros, bom, mas modesto". E defende que o clube gaúcho deveria, sim, levar seu capitão para Caruaru, como ação de marketing para o ineditismo da visita ao agreste pernambucano.
Antes de desligar, pergunto ao presidente se está calor em Caruaru. Passa das 21h desta quinta-feira. Ele silencia, calcula e arrisca "30ºC, 31ºC, nada muito quente, não". Sobre sábado, aposta que a garoa que mal molha o chão amenizará o calor. Nada além dos 35ºC, prevê. O que só torna ainda mais peculiar esse capítulo da saga colorada na Série B.