Minha filha, Malu, tem 8 anos, e o uso do celular em nossa casa é rigorosamente controlado. Nós monitoramos tanto o tempo quanto o conteúdo. Ela pode conversar com amigas pelo WhatsApp e jogar um pouco, mas fica longe das redes sociais. Em raras ocasiões, leva o celular para o colégio.
Recentemente, o Ministério da Educação (MEC) anunciou que pretende proibir o uso de smartphones nas escolas. Sou totalmente a favor. Como destacou Fabrício Carpinejar em sua coluna na semana passada, seria um autêntico detox de 5 horas.
Não preciso me ancorar apenas em pesquisas que indicam os prejuízos do excesso de telas; a experiência diária de ter uma criança em casa já basta para formar minha opinião. Com o celular em mãos, minha filha perde oportunidades de interação com os colegas e de aproveitar as ricas experiências que a escola oferece. Quando Malu usa o aparelho além do habitual, notamos um comportamento mais impaciente e desobediente.
Essa vigilância não é fácil. Às vezes, precisamos mantê-la sem o celular por dias. E então o que ela faz? Desenha, recorta, lê ou brinca. No segundo dia, parece nem se lembrar do dispositivo. Imagino que na adolescência isso será mais complicado, mas tudo a seu tempo.
Um grupo de pais criou o Movimento Desconecta, para disseminar a ideia de reduzir e adiar o acesso aos smartphones. Não se trata de ser contra a tecnologia, mas de buscar um equilíbrio saudável. Conversei com Antonia Teixeira, cofundadora do movimento, que fez uma defesa vigorosa do projeto:
— Dentro do celular, a gente tem redes sociais que são um grande motivo de vício. Infelizmente, ainda não há preparo, um letramento digital, nem para alunos nem para adultos — justificou Antonia.
Precisamos de uma lei para isso? Sim, é necessário. Ela dá suporte a professores e diretores, blindando-os contra questionamentos. Além disso, tem um efeito pedagógico, reforçando a importância do uso moderado da tecnologia.
Tenho certeza de que a Malu, que lê todas as minhas colunas, não ficará contente com esta. Quando ouviu a notícia no rádio, criticou. Mas, filha, acredite, em alguns anos, você irá me agradecer.