Uma das lições que eu aprendi na vida é ter a maior cautela possível antes de dar minha opinião sobre algo que envolve duas partes. Mas é impossível ficar indiferente ao que aconteceu na quarta-feira e se transformou num dos dias mais tristes da história centenária do Inter.
Para a situação chegar ao ponto que chegou foi necessária uma quantidade significativa de erros de ambas as partes envolvidas. No caso, direção e jogadores. Parto do princípio de que se os pagamentos não estão em dia já fica claro o erro da direção. Ponto. Mas a outra parte errou feio também.
Mesmo que o jogador de futebol seja um profissional contratado e tenha seus valores a receber, por favor, nunca, jamais, compare os parâmetros financeiros — e, principalmente, os contratuais — deles com os da imensa maioria dos trabalhadores assalariados deste país. Jogador que produz abaixo do que pode não é demitido como um trabalhador "comum".
Como se diz nos bastidores do futebol, "jogador é o único profissional que quando executa mal o seu trabalho, o chefe que é demitido". E o principal: um atleta profissional que veste a camisa de um clube do tamanho do Inter não pode ignorar que, em todo este contexto, existe o torcedor. Esse que realmente sofre. Esse que realmente se chateia. Esse que, agora, vai exigir muito mais de um grupo que mostrou muito pouco até aqui.
Errou a direção em atrasar os pagamentos. Erraram os jogadores em protestar publicamente, principalmente após mais uma atuação fraquíssima na temporada. A direção se mexeu e uma parte do dinheiro foi depositado. Haverá uma melhora, dentro do campo, no próximo domingo?