Uma pintura em exposição na Itália ajuda a esclarecer a origem da bandeira do Rio Grande do Sul. A tela está no Museu Cívico do Ressurgimento, em Bolonha. O professor Edison Hüttner, da Escola de Humanidades da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), afirma que a obra de arte prova que Tito Livio Zambeccari é o autor da bandeira da República Rio-Grandense, inspiração para a bandeira do Estado.
Em processos após o fim da Revolução Farroupilha, testemunhas já relatavam que Zambeccari era o autor da bandeira nas cores verde, vermelha e amarela. Com base na pintura a óleo, em tela de 43cm por 52cm, o professor garante que conseguiu a prova que faltava.
O autor da pintura é desconhecido. Pode ser Zambeccari, um autorretrato, ou foi encomendada por ele. Na tela, o italiano está sentado e segura um mapa da província de São Pedro do Rio Grande do Sul. O ponto mais importante é a bandeira tricolor na ponta da lança do lanceiro negro montado no cavalo.
— Zambeccari fez a bandeira ainda em Buenos Aires, entre 1833 e 1835. Quando foi proclamada a República Rio-Grandense, em 1836, apenas mudaram a ordem, colocando o vermelho no meio. Na pintura, está a bandeira de Zambeccari — explica Hüttner.
O italiano também lutou com republicanos no Uruguai e na Argentina. No início de outubro de 1836, foi preso na Batalha do Fanfa, em Triunfo, juntamente com Bento Gonçalves. Levado para a prisão no Rio de Janeiro, não participou do decreto que criou a bandeira da República Rio-Grandense em 12 de novembro de 1836.
O revolucionário foi anistiado pelo Império do Brasil, em 1839, e voltou para a Itália, onde foi feita a pintura. Zambeccari morreu em Bolonha, em 1862.
Uma exposição com a reprodução da tela e as conclusões do professor Hüttner e de outros pesquisadores será inaugurada no dia 12 de novembro, às 18h, na Famecos, na PUCRS. A visitação será gratuita.
A bandeira da República Rio-Grandense, que não tinha brasão, virou a bandeira do estado do Rio Grande do Sul. As cores amarela e verde seriam inspiradas na bandeira do Império do Brasil. O vermelho foi a marca da liberdade, do movimento republicano.