Se não fossem os garis, nossas cidades seriam mais sujas. A profissão é fundamental para a saúde pública e o bem-estar da comunidade. A origem da palavra para indicar a profissão no Brasil está relacionada a um francês.
O mais comum é os sobrenomes terem origem em profissões. A família Becker certamente teve um antepassado padeiro na Alemanha. Os Sartori surgiram com um alfaiate na Itália. Os Molina tinham moinho na Espanha. No caso dos garis, ocorreu o contrário. Um sobrenome virou a profissão. O francês Aleixo Gary, sem saber, daria nome à atividade quando se estabeleceu no Brasil.
O jornal Gazeta de Notícias de 11 de outubro de 1876, em uma nota, anunciou a contratação dos serviços do francês para a limpeza das ruas do Rio de Janeiro, a capital do Império. Ele ficou encarregado de transportar o lixo para a Ilha de Sapucaia, na Baía da Guanabara.
Os funcionários da empresa Aleixo Gary & Cia passaram a ser chamados pela população de garis, o que virou uma nova profissão no Brasil. Um decreto de 1880 oficializou o primeiro serviço sistemático de limpeza urbana do Império. O contrato determinava a adoção de carroças completamente fechadas para o transporte do lixo. Com o título de comendador, Aleixo Gary morreu em 21 de outubro de 1891.
Como surgiu o serviço na capital gaúcha? No livro Porto Alegre: Guia Histórico, Sérgio da Costa Franco conta que a Câmara Municipal tratou pela primeira vez sobre o tema do lixo em 1829. Moradores foram orientados a enterrar nos seus terrenos ou em cinco locais indicados pelo poder público. Um dos pontos ficava na Praça Paraíso, atual Praça XV de Novembro. Provavelmente, houve resistência, porque os vereadores já mudaram as regras um ano depois. O lugar para despejar a sujeira da cidade passou a ser o rio, exceto nas bocas de ruas e no entorno da Alfândega.
Em 1835, após fracasso em tentativa para contratar empreiteiro para a tarefa de limpeza da cidade, 12 presos acompanhados de um guarda começaram a recolher os resíduos. O lixo continuou gerando dor de cabeça nas décadas seguintes.
O intendente José Montaury municipalizou definitivamente o serviço de recolhimento de resíduos em 1898, quando comprou prédio no bairro Azenha, onde fica até hoje a sede do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU). Até 1925, a coleta era feita apenas em carroças puxadas por mulas.