O Pão dos Pobres é uma das instituições sociais mais queridas de Porto Alegre. Fundado em 1895, testemunhou boa parte da história da cidade, incluindo as duas grandes enchentes, em 1941 e 2024. Perto do Guaíba, o complexo de prédios foi invadido pela água, exigindo a evacuação nas duas tragédias.
Enchente de 1941
Em 1941, Guaíba chegava até às margens da Avenida Praia de Belas. O lindo prédio do internato do Pão dos Pobres, concluído nove anos antes, ficava na beira do rio. O aterro do Guaíba naquela região ocorreu somente a partir da década de 1950.
Em um caderno, irmãos lassalistas descreviam os principais fatos relacionados à instituição. O historiador Pedro Meirelles traduziu o texto sobre 1941, originalmente em francês. Pelo relato, na "terrível inundação, a água chegou 1m50cm acima do mais alto que havia chegado nas inundações precedentes". No interior do orfanato, a altura foi de mais de um metro de água. Os irmãos precisaram retirar os órfãos, que se refugiaram entre 6 e 20 de maio no ginásio do Colégio Nossa Senhora das Dores, no Centro.
O texto de 1941 lembra da morte, em 9 de maio, do irmão Afonso Eduardo, de 19 anos, que "por conta de uma imprudência, faleceu no pátio". No relatório, também é citado que, em 9 de junho, o "órfão Roalves Caim faleceu no hospital, como um pequeno santo; foi uma alma privilegiada”. Não fica claro, mas parece ser um óbito relacionado à enchente.
O jornal carioca A Noite noticiou mais detalhes sobre a morte do jovem religioso. Pelo texto publicado na edição de 13 de maio, ele navegava numa balsa para socorro aos flagelados. Quando percebeu que ia bater com a cabeça na rede de energia, tentou levantar os fios e recebeu a descarga elétrica.
Enchente de 2024
Em 2024, a enchente foi maior na cidade e no Pão dos Pobres, mesmo com o aterro do Guaíba. A altura chegou a pelo menos 2m50cm em alguns pontos da instituição no bairro Cidade Baixa. O gerente da instituição, João Rocha, afirma que os prejuízos financeiros foram bem maiores agora, mas não há mortos e feridos.
Em 1941, eram em torno de 600 crianças e adolescentes. Em 2024, são 1.835 crianças e adolescentes, considerando os abrigos e os cursos. Os prejuízos ainda são contabilizados, mas a inundação atingiu as instalações térreas: cozinhas, oficinas, cursos profissionalizantes, central de luz, telefonia, redes de lógica, ginásio, cozinha, refeitórios e laboratórios.
Os 120 adolescentes e crianças abrigados foram levados ao Colégio La Salle Santo Antônio em 6 de maio, quando começou a inundação no bairro Cidade Baixa. Devido ao retorno das aulas, todos serão levados à Fundação Fraternidade, na zona sul de Porto Alegre.
Ajude a Fundação Pão dos Pobres
Se você quiser ajudar as crianças e as necessidades de reparação do prédio, pode fazer doações por meio de pix, com as chaves CNPJ 92666015/0001-01 ou e-mail paodospobres@paodospobres.com.br.
As redes sociais (@fundacaopaodospobres) e o site (www.paodospobres.org.br) são os canais oficiais para comunicados sobre insumos e demais itens necessários aos atendidos do Pão dos Pobres.