O Baile Municipal abria o Carnaval de Porto Alegre. A festa atraía artistas, jogadores de futebol, políticos e empresários. Celebridades de São Paulo e Rio de Janeiro desembarcavam na cidade para o evento realizado na noite de uma sexta-feira, uma semana antes do Carnaval.
O auge do Baile Municipal foi nos salões da Sogipa, nas décadas de 1980 e 1990. O jornalista Guaraci Andrade fazia a cobertura do evento pela Zero Hora. A festa ficou marcada pelo luxo e o glamour.
— Era um baile especial, muito luxuoso. Quem não estava de fantasia, usava traje de gala. É uma pena que não temos mais — lamenta Guaraci.
Em 1994, por exemplo, o governador Alceu Collares e a primeira-dama Neuza Canabarro caíram na folia. A Câmara de Vereadores de Porto Alegre ficava com um dos camarotes, reunindo muitos políticos.
Os camarotes eram concorridos. Pela reportagem publicada na Zero Hora há 30 anos, no número 1, patrocinado pela Brahma, o público pediu autógrafos dos atores Francisco Cuoco e Maurício Branco; do cantor Pepeu Gomes e do empresário Olacyr de Moraes, que era conhecido como o Rei da Soja. Nos camarotes 24 e 25, o destaque era a atriz Leila Lopes.
O baile começava após a final do Concurso Estadual de Fantasias. Depois de uma seleção prévia, chegavam à noite da festa cinco finalistas de cada categoria: luxo masculino, luxo feminino e originalidade.
O colunista César Krob foi o organizador do Baile Municipal por 18 anos, a partir de 1980. Ele era colunista da área social e de clubes da Folha da Tarde quando decidiu promover uma festa diferente na cidade.
— As festas eram muito iguais. Levei as páginas da revista Manchete sobre o Baile Municipal de Recife para o prefeito de Porto Alegre, Guilherme Socias Villela, que abraçou a ideia de um novo baile. Mesmo assim, a prefeitura não contribuía com dinheiro. O baile se pagava — recorda o Krob, agora aposentado.
Os camarotes eram vendidos em disputado leilão. A renda acima da previsão ajudava entidade assistencial. Na Sogipa, o organizador lembra que a festa recebia de 3 mil a 4 mil pessoas.
César Krob explica que o Baile Municipal já ocorria antes de 1980, com outros promotores, mas sem a mesma proposta de festa de gala.
Baile Municipal em outros carnavais
Em 1962, os jornais noticiaram a realização do 1º Baile Municipal, no Grêmio Náutico União, em prol da Cruz Vermelha. No início da década de 1970, o Petrópole Tênis Clube sediava a festa. Em 23 de fevereiro de 1974, Zero Hora noticiou a quarta edição do Baile Municipal, com participação da escola de samba Acadêmicos da Orgia, de um grupo folclórico do Recife e do conjunto Caravelle.
Com a realização de César Krob, o Baile Municipal ocorreu por 17 anos na Sogipa e um no Dado Bier.