O médico nazista Josef Mengele comandou atrocidades nas experiências do campo de extermínio de Auschwitz, na Polônia. Depois da Segunda Guerra Mundial, buscou refúgio na Argentina e no Paraguai. Com medo ser sequestrado pelo Mossad, agência de inteligência israelense, chegou ao Brasil no início da década de 1960.
Por quase 20 anos, o "Anjo da Morte" morou em São Paulo com nome falso. Seu Pedro, como o alemão era chamado por aqui, morreu afogado após um Acidente Vascular Cerebral (AVC) na praia de Bertioga em 1979. Somente depois de seis anos, em 1985, a verdadeira identidade foi descoberta.
Após profunda pesquisa, a jornalista Betina Anton escreveu o livro Baviera Tropical (Editora Todavia), que recupera a história do médico nazista mais procurado no mundo. Conta como ficou tanto tempo no Brasil sem ser capturado.
A jornalista, na infância, foi aluna de uma mulher que ajudou a abrigar o nazista. A professora Tante Liselotte pediu demissão da escola alemã de São Paulo depois da descoberta. Na época, com seis anos, Betina ouviu pela primeira vez o nome Mengele.
Em entrevista ao Gaúcha+, da Rádio Gaúcha, Betina Anton contou o que descobriu sobre a vida de Mengele no Brasil. Questionada sobre a passagem do nazista pelo Rio Grande do Sul, respondeu que não encontrou nenhum indício. Por muito tempo, se especulou a relação do médico com os casos frequentes de gêmeos do município de Cândido Godói, no noroeste do Estado.
Importante lembrar que, em 2011, pesquisadores de genética da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e profissionais do Hospital de Clínicas de Porto Alegre concluíram que tantos gêmeos não eram resultado de nenhuma experiência. O estudo revelou que os primeiros moradores de uma localidade do município carregavam o gene que aumenta a sobrevivência de óvulos de gêmeos no útero das mulheres.