A razão para o alto número de gêmeos em Cândido Godói está na variação de um gene. Pesquisadores de genética da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e profissionais do Hospital de Clínicas da Capital mostraram na manhã desta sexta-feira aos moradores do município que uma variação do gene p53, um dos responsáveis pela fecundidade, aumenta a sobrevivência de óvulos de gêmeos no útero das mulheres que vivem na região.
Este gene pode se apresentar em duas formas: G ou C. A pesquisa mostrou que as mães de gêmeos têm percentualmente o dobro da forma C ante a forma G. A probabilidade que esta diferença tenha ocorrido por acaso é menor de 0,1%.
A explicação não é experimental, ou ambiental, e sim, o chamado Efeito do Fundador. Segundo a pesquisadora Lavínia Faccini, as poucas famílias que se instalaram na região desde o início do século passado já carregavam o gene diferenciado e acabaram concentrando a característica na região.
Liderados pelas professoras Ursula Matte, Patrícia Prola e Lavínia Schüller Faccini, os pesquisadores estudaram 42 mães de gêmeos, e 101 mães sem filhos gêmeos no município de cerca de sete mil habitantes.
O que o estudo praticamente descartou foi a participação do médico nazista Josef Mengele no processo, que segundo uma teoria, teria feito experiências na cidade. Segundo a pesquisadora, as famílias já traziam o gene no início do século, antes da suposta passagem do alemão por Cândido Godói.
Os pesquisadores, porém, ainda buscam resposta para uma outra curiosidade: a maioria das mães do município que tiveram gêmeos beberam água de poço. Ainda não se sabe se há alguma ligação entre a água e a fecundidade da população. O que se sabe ao certo é que a resposta mais aceita agora é a genética.
Variação de gene explica a alta incidência de gêmeos em Candido Godói, aponta pesquisa
Moradores do município acompanharam a explicação dos pesquisadores da UFRGS no Salão Paroquial
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