A Revista do Globo fez um concurso antes da eleição para presidente do Brasil em 1930. Em um cupom publicado nas edições desde o ano anterior, leitores deveriam colocar quantos votos a Aliança Liberal receberia no pleito de primeiro de março. Getúlio Vargas, governador do Rio Grande do Sul, era candidato a presidente, e João Pessoa, governador da Paraíba, disputava a vaga de vice. Na época, os votos eram separados para os dois cargos.
Os prêmios oferecidos foram uma máquina de escrever Royal, um fogão esmaltado Wallig, uma máquina de costurar e bordar Pfaff, um fonógrafo Panatrope-Brunswick e um relógio de parede Masson. Ganharia quem acertasse o número de votos ou chegasse mais próximo do resultado das urnas. A revista não divulgou o total de cupons, apenas citou que foram milhares.
Nas urnas de todo Brasil, Getúlio Vargas recebeu 742.794 votos, ficando atrás de Júlio Prestes, candidato governista. Com presença de jornalistas de outros veículos de Porto Alegre, a Revista do Globo abriu a urna com os palpites e fez a apuração nos dias 4 e 5 de junho. A maioria apostou em votação entre 800 mil e um milhão de votos.
Conferindo um por um os cupons, uma surpresa. Bingo! Pedro Caruso, morador de Veranópolis (Alfredo Chaves, na época) acertou na mosca: 742.794 votos, nenhum a mais ou a menos. Ganhou a máquina de escrever portátil da marca Royal. Os outros quatro premiados chegaram perto: Carmem Andrade, de Porto Alegre (743.000), João Ribas, de Porto Alegre (743.221), Jandyra Bandaro, de Rio Pardo (743.250) e Antonio J. Rocha, de Passo Fundo (743.684). O concurso mobilizou leitores e, claramente, ajudou na divulgação da candidatura do governador gaúcho à presidência da República.
Se na apuração da revista foi tudo tranquilo, o mesmo não pode ser dito da escolha do sucessor do paulista Washington Luís no Palácio do Catete, sede do governo federal no Rio de Janeiro. A Aliança Liberal apontou fraude na eleição de março. Júlio Prestes nem chegou a tomar posse em novembro, como estava previsto no calendário eleitoral. Em um golpe de Estado, a Revolução de 1930, o presidente Washington Luís, aliado do eleito, foi deposto em 24 de outubro. Com apoio do tenentismo, Getúlio Vargas tomou posse em 3 de novembro, pondo fim à chamada República Velha.
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