Quando ouvi na Rádio Gaúcha sobre o Dia do Gari, comemorado em 16 de maio, recordei da história de um francês. O mais comum é sobrenomes terem origem em profissões e não o contrário. Os Becker certamente tiveram um antepassado padeiro na Alemanha, os Sartori surgiram com um alfaiate na Itália e os Molina tinham moinho na Espanha. O francês Aleixo Gary, sem saber, daria nome a uma profissão quando se estabeleceu no Brasil.
O jornal Gazeta de Notícias de 11 de outubro de 1876, em uma nota, anunciou a contratação dos serviços do francês para a limpeza das ruas do Rio de Janeiro, a capital do Império. Ele ficou encarregado de transportar o lixo para a Ilha de Sapucaia, na Baía da Guanabara.
Os funcionários da empresa Aleixo Gary & Cia passaram a ser chamados pela população de garis, o que virou o nome da nova profissão no Brasil. De acordo com o Arquivo Nacional, um decreto de 1880 oficializou o primeiro serviço sistemático de limpeza urbana do Império. O contrato determinava a adoção de carroças completamente fechadas para o transporte do lixo. Com o título de comendador, Aleixo Gary morreu em 21 de outubro de 1891.
Como foi na capital gaúcha? No livro Porto Alegre: Guia Histórico, Sérgio da Costa Franco conta que a Câmara Municipal tratou pela primeira vez sobre o tema do lixo em 1829. Moradores foram orientados a enterrar nos seus terrenos ou em cinco locais indicados pelo poder público. Em 1835, após fracasso em tentativa para contratar empreiteiro para a tarefa de limpeza da cidade, 12 presos acompanhados de um guarda começaram a recolher os resíduos.
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