Que rufem os tambores. Que ecoem os xingamentos. Mas não, essa culpa não é do presidente da República. Refiro-me ao aumento no preço dos combustíveis no Brasil e no mundo. Conforme anunciado pela Petrobras na manhã desta sexta-feira (17), será de 5,2% para a gasolina e assustadores 14,2% para o diesel, o que inevitavelmente impactará no meu, no seu, no nosso bolso.
Mas como assim não é culpa do presidente? Olhemos com atenção à explicação técnica sobre o tema.
"Quem acompanha o mercado do petróleo e vinha acompanhando os aumentos no mercado internacional, bem como o aumento dos custos para a extração e o refino, não recebeu com nenhuma surpresa o aumento dos combustíveis feito pela Petrobras", afirmou à coluna o economista-chefe da Farsul, Antonio da Luz.
De fato, o preço do barril de petróleo disparou no mercado internacional. E justiça seja feita, não é culpa do presidente do Brasil.
Como importamos boa parte do petróleo que é utilizado para produção dos combustíveis, é natural que o produto encareça. A matéria-prima está mais cara.
"A Petrobras importa um petróleo num estágio mais avançado de refino e dado que é um produto importado está sujeito ao preço praticado lá fora", explicou o economista João Fernandes, sócio da Quantitas.
Isso sem contar no impacto a partir da cotação do dólar.
Portanto, sob esta perspectiva, fosse o presidente Bolsonaro ou qualquer outro, o preço do combustível naturalmente acabaria sofrendo este reflexo. A matéria-primeira está mais cara e isso impacta no produto final.
Mas sendo o governo o maior acionista da Petrobras, ele não deveria, então, intervir?
Aí a discussão passa a ser sob outro aspecto. E, neste caso, é possível admitir que o presidente possa ter responsabilidade ou não.
Como a Petrobras é uma empresa estatal, há quem entenda que a melhor maneira seria mesmo um controle dos preços, prática que é criticada por economistas e por agentes do mercado financeiro.
E aqui vale lembrar: na eleição de 2018, os dois candidatos que foram ao segundo turno apresentavam planos antagônicos relacionados a esta discussão. Uma candidatura defendia um modelo de intervenção, para que o impacto não recaísse diretamente sobre o consumidor. A outra, o livre mercado. Restou vencedora a que defendia a livre concorrência.
Portanto, não há surpresa nenhuma quanto à aplicação do reajuste: a política de preços é esta, eleita em outubro de 2018 - ainda que Bolsonaro e Arthur Lira tentem convencer o brasileiro do contrário.