A Petrobras aumentou em 5,18% a gasolina e em 14,26% o diesel. Na bomba, está prevista alta de R$ 0,15 na gasolina e de R$ 0,63 no diesel. No bolso, pesa, mas não veio toda a alta que podia, considerando a política internacional de preços. Os combustíveis continuam mais baratos nas refinarias brasileiras do que no Exterior. Petróleo não baixa muito dos US$ 120 por barril e o dólar só sobe, com o aumento de riscos e alta de juro nos Estados Unidos.
Aliás, o reajuste era para ter vindo antes até. Não veio porque o governo federal pediu para segurar para não impactar a aprovação no Congresso do projeto que limita o ICMS. Não seria, aliás, essa já uma interferência política em uma empresa de capital aberto? É uma discussão.
A cama para o reajuste de hoje estava armada. A Petrobras vinha lançando comunicados sobre risco de desabastecimento porque o mercado não estava querendo importar combustível tão mais caro. Ontem, vazaram a informação de que a diretoria avisou o conselho do aumento, tentando uma valorização das ações da empresa, quem sabe, prevendo que o mercado financeiro, passado o feriado, reagiria mal à sinalização do Banco Central na quarta-feira de que continuará elevando a taxa de juro Selic.
Deu tempo para o presidente Jair Bolsonaro dizer que esperava que a Petrobras não aumentasse preços e que a Petrobras "pode mergulhar o Brasil em um caos". Preparou também o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, para pedir a renúncia do presidente da estatal e anunciar projeto que taxará mais os lucros da empresa.
“Ele (José Mauro, presidente da Petrobras) só representa a si mesmo e o que faz deixará um legado de destruição para a empresa, para o país e para o povo. Saia!!! Pois sua gestão é um ato de terrorismo corporativo”, disse Lira em seu perfil no Twitter.
Aliás, a Petrobras pediu que esse dinheiro que vai para o governo, que recebe os dividendos por ser o maior acionista, fosse usado para evitar a alta de preços. Mas falou com as paredes. Nem sinal de que o lucro da empresa venha a ser usado como colchão financeiro em um fundo de estabilização. Enfim, as fortes declarações políticas afetaram investidores e as ações caem forte (-9%) nesta sexta-feira na bolsa de valores de São Paulo. Dólar sobe a R$ 5,14.
Para agitar ainda mais o cenário, tem informações novas sobre o ICMS. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) André Mendonça decidiu que as alíquotas devem ser cobradas de forma uniforme pelos Estados. A decisão começará a valer em 1º de julho. Também determinou que a Petrobras deverá enviar ao Supremo documentos internos que justificaram a formação dos preços dos combustíveis nos últimos meses. A liminar foi motivada por uma ação protocolada pela Advocacia-Geral da União (AGU) para suspender uma resolução do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) que trata da cobrança do ICMS.
No final do mês, também termina o congelamento do tributo acordado entre secretários estaduais da Fazenda. Ele vinha sendo prorrogado, porém, agora, os Estados não tiveram seus pleitos atendidos durante o trâmite do projeto que limitou a 17% o ICMS dos combustíveis.
A gasolina sobe, também, lá nos Estados Unidos. Ouça aqui:
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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