Prestes a renunciar ao cargo de governador do RS, Eduardo Leite já vem ouvindo, há semanas, líderes tucanos sobre a estratégia que será levada adiante para tentar viabilizar a candidatura dele à Presidência, a despeito de João Doria ter vencido as prévias realizadas pelo PSDB. Não à toa, o gaúcho deixará o cargo na próxima quinta-feira, tal como exige a legislação eleitoral para quem deseja disputar a eleição de outubro. O prazo se encerra em 2 de abril.
A coluna conversou com políticos que apoiam Eduardo Leite e veem em Doria poucas chances de o partido chegar ao Palácio do Planalto. A partir daí, destacamos algum dos pontos que serão levados adiante pelo grupo pró-Leite.
Um deles diz respeito à viabilidade de alianças que formarão a chapa para a eleição de outubro. Quem circula pelos bastidores já ouviu de tucanos que partidos como MDB e União Brasil estariam dispostos a compor com o PSDB, indicando o vice por exemplo. Entretanto, somente o farão caso o candidato seja Leite e não Doria. Este será um argumento bastante lembrado.
O segundo ponto diz respeito às prévias, realizadas em novembro de 2021. O grupo quer fazer crer que prévias são apenas um processo interno para consultar filiados e fazer análises a partir do resultado, que pode ser seguido ou não. Sob essa perspectiva, as prévias não têm valor jurídico, somente a convenção tem poder de definir uma candidatura oficial. As convenções, aliás, podem ser realizadas até o início do mês de agosto.
Há ainda uma aposta de que Doria não conseguirá "ser candidato dele mesmo", nas palavras de um tucano. O grupo pró-Eduardo Leite acredita que ao renunciar ao governo de São Paulo Dória perderá o apoio que tem, já que estará afastado do poder (e de um orçamento polpudo). Nessa visão, haveria espaço para construção de outra candidatura que não a dele.
Falta, como se sabe, combinar com os russos. Quem conversa com João Dória sabe que o governador está furioso com as articulações para derrubá-lo. No domingo, ele utilizou a expressão "golpe" para se referir ao movimento. O clima interno não é nada bom. A conferir cenas dos próximos capítulos.