Desmoralizante. Esta foi a palavra mencionada por vários tucanos que esperavam votar nas prévias do PSDB no último domingo, na tentativa de definir quem será o candidato do partido à Presidência da República em 2022. Como se sabe, o processo precisou ser adiado porque o aplicativo bugou. O mico foi tão grande que nem FHC conseguiu usar a ferramenta e, com isso, a escolha foi suspensa.
Não bastasse a confusão no app de votação, ficou evidente que a divisão do partido (grupo de Leite x grupo de Doria) não será resolvida tão facilmente.
O sorriso de ambos nas fotos em que aparecem juntos tenta, sem sucesso, disfarçar a fratura exposta a partir da disputa travada pelo comando da legenda. Antes os problemas fossem somente de ordem técnica. A pane é interna e diz muito sobre a dificuldade da sigla em se reerguer após pífios 4% dos votos, na eleição de 2018.
E aí registre-se: as digitais do grupo de Aécio Neves, oposição a Doria, estão também evidentes, como destacou o ex-prefeito de Manaus, Arthur Virgílio.
— É muito desmoralizante. Qualquer que seja a solução, haverá um partido mais dividido, com debandada de lideranças, deputados tucanos, nomes importante. Vença o Doria ou vença o Leite, o PSDB vai se fragmentar ainda mais. Ficou um cenário muito pior do que antes. O PSDB que apostou nas prévias para se fortalecer perante a opinião pública, acabou naufragando fragorosamente. Eles mesmo estão abalados — avaliou a jornalista Malu Gaspar em bate-papo no podcast "Descomplica, Kelly" nesta terça-feira (23). Ouça aqui.
Enquanto os tucanos brigam entre si, Moro aproveita o vácuo e se dedica à preparação para a corrida eleitoral, com direito a sessões com fonoaudióloga e presença na convenção do Podemos em Porto Alegre, no dia 4 de dezembro. O ex-juiz quer se fortalecer como alternativa no campo da direita, e pode roubar o coração do mercado e da elite econômica, decepcionada com Bolsonaro e anti-lulista até aqui. A conferir cenas dos próximos capítulos.