Uma imagem postada nas redes sociais do Exército brasileiro nesta quinta-feira (1) expressou um recado sutil, mas com endereço certo: o presidente da República, Jair Bolsonaro. Após a crise que culminou com a demissão do ministro da Defesa e a saída dos chefes das três Forças Armadas, apareceram juntos o antigo, o atual e o futuro comandante do Exército.
Na foto, Villas Bôas, Edson Pujol e Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira aparecem sorridentes, sinalizando, mais do que uma boa relação, a afinidade de posicionamento que deve guiar o comportamento das tropas militares. Vai na linha do que já sinalizou, em mais de uma oportunidade, o vice-presidente Hamilton Mourão:
— Quando a política entra pela porta da frente em um quartel, a disciplina e a hierarquia saem pela porta dos fundos.
Aliás, à Rádio Gaúcha, o ex-ministro do governo Bolsonaro e general Santos Cruz afirmou a mesma coisa:
- Querer que o Exército se alinhe politicamente (ao governo) é um subversão da ordem. O Exército tem que estar é alinhado com a Constituição - ratificou.
Como se sabe, a crise que gerou a demissão de Fernando Azevedo e Silva tinha como base, em especial, a insatisfação do presidente com o fato de as Forças não acompanharem politicamente seus movimentos. Foi nesta perspectiva que o então ministro Azevedo afirmou que, durante sua gestão no Ministério da Defesa, sempre preservou as Forças Armadas "como instituições de Estado".
A frase consta em sua nota oficial de despedida.
Tal como na nota, a foto publicada pelo Exército também diz muito: alinhados, ex, atual e futuro comandante não parecem nem um pouco dispostos a aceitar que o presidente utilize as estruturas militares como se dele fossem. Resta saber como Bolsonaro irá reagir.