O ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência e general Sérgio Etchegoyen avaliou nesta terça-feira (30) a mudança promovida pelo presidente Jair Bolsonaro no Ministério da Defesa, com a demissão de Fernando Azevedo e Silva e a indicação do general Braga Netto para o posto, anunciadas ontem.
Além da troca no comando da pasta, os comandantes das três Forças Armadas deixarão os cargos conforme anúncio feito na manhã desta terça. Edson Pujol (Exército), Ilques Barbosa (Marinha) e Antônio Carlos Moretti Bermudez (Aeronáutica) entregaram os cargos em reunião com o novo ministro da Defesa, em Brasília.
Para Etchegoyen, as trocas promovidas pelo presidente devem ser encaradas como movimentos que fazem parte da responsabilidade do presidente da República e não interpretadas como possíveis indicativos de uma intenção de ruptura democrática. O assunto voltou à tona, em especial nos bastidores, por conta do teor da nota de Azevedo e Silva que afirmou que havia atuado para preservar as Forças Armadas como "instituições de Estado".
Além disso, integrantes da cúpula militar fizeram questão de reforçar posição contrária a qualquer movimento de Bolsonaro para tomar as tropas como "suas". Esse foi um dos motivos apontados por interlocutores das Forças Armadas à coluna para a saída, por exemplo, no comando do Exército.
Pujol, como revelou o colunista Humberto Trezzi, teria insistido em marcar uma linha de afastamento entre seus comandados e o governo Bolsonaro.
Para o ex-ministro Etchegoyen, as Forças Armadas estão "maduras" e "não serão fator de instabilidade, não se afastarão do seu papel constitucional".
Ele ressalta que durante todo seu período no Exército nunca ouviu qualquer conversa que destoasse desse entendimento.
- O conceito de legalidade, o conceito básico de institucionalidade, de respeito à vontade popular, de respeito à ordem institucional estabelecida, ao marco democrático, eu nunca vi isso em discussão. Eu nunca vi. Em momento algum. Por mais hostil que o momento fosse às Fodças Armadas. Nós tivemos Forças Armadas que aturaram uma comissão da Verdade absolutamente – não vou dizer o que estou pensando - absolutamente parcial, unilateral. Que enfrentaram uma tentativa sórdida de avanço sobre as competências dos comandantes, na questão de gestão de pessoal, de promoções. E isso nunca, em momento algum, as Forças Armadas aceitaram que fosse tratado de outra forma que não fossem os canais legais, a cadeia de comando, a institucionalidade. Não quer dizer que não tenha havia torcida para que o governo Dilma caísse, lá tem cidadãos, que pagam seus impostos. Agora uma coisa é o militar cidadão no seu direito sagrado do voto. Outra coisa é o cidadão fardado com as suas responsabilidades - explicou.