O general gaúcho Edson Pujol, comandante do Exército desde o início do governo Bolsonaro, está na mira do presidente e deve ser o próximo a deixar (ou perder) o posto. A troca é discutida há algum tempo, diante da insatisfação do chefe do Executivo, e ficou ainda mais evidente após a saída do general Fernando Azevedo e Silva do comando do Ministério da Defesa nesta segunda-feira (29).
Conforme interlocutores consultados pela coluna, o presidente não esconde a contrariedade com o posicionamento do comandante do Exército, que não admite que Bolsonaro tome as tropas como "suas". Neste sentido, a troca seria questão de dias. Ontem, dia da "convulsão ministerial" os três chefes das Forças Armadas chegaram a cogitar uma renúncia coletiva. Foram aconselhados a aguardar uma conversa com o novo ministro, general Braga Netto.
Aliás, é importante observar que, ao sacramentar sua demissão, Azevedo e Silva fez questão de frisar (em nota oficial) que durante o período em que esteve no ministério sempre preservou as Forças Armadas "como instituições de Estado". O recado era claro: não aceitaria que o presidente utilizasse as estruturas militares como se dele fossem.
Assim, não restou a Bolsonaro outra alternativa que não fosse a saída do ministro.
Nos bastidores, o general Pujol é visto como a voz — alinhada com o posicionamento da cúpula das Forças Armadas — que não aceita que o Exército seja instrumento subordinado a posições políticas de qualquer que seja o governante. Assim como Azevedo e Silva, Pujol é intransigente neste aspecto desde o início da carreira militar, nas palavras de um interlocutor.
— O presidente não gosta do comandante. Tanto Fernando (Azevedo e Silva), quanto Pujol são muito firmes nas suas convicções — afirmou um militar graduado.
A discussão sobre a saída de Pujol segue porque o comandante gostaria muito de permanecer no posto e resiste, neste sentido, a deixar o cargo já que teve uma vida dedicada à carreira militar até que conseguisse chegar ao topo. Internamente, os demais intergrantes da cúpula das Forças Armadas estariam de acordo com o posicionamento de Pujol, ou seja, de não ceder às pressões de Bolsonaro. Daí o cenário em que os três comandantes seriam trocados.
A terça-feira deve ser agitada em Brasília, mais uma vez.