Entusiasta de terapias alternativas há anos, o deputado gaúcho Giovani Cherini (PL), que é também presidente da Frente Holística de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde do Congresso Nacional, reuniu-se com o ministro interino da Saúde, general Eduardo Pazuello, nesta quarta-feira (6), em Brasília.
O encontro serviu para Cherini apresentar ao comandante da pasta a importância da chamada ozonioterapia, que ganhou as manchetes depois que o prefeito de Itajaí, Volnei Morastoni, defendeu a aplicação retal de ozônio em pacientes que tiveram diagnóstico de coronavírus.
O deputado estava acompanhado pela médica Maria Emília, que é presidente da Sociedade Médica de Ozonioterapia.
À coluna, Cherini defendeu a aplicação do tratamento com ozônio para diferentes casos, e citou seus benefícios aos pacientes. Ele afirmou que a prática é adotada desde a Segunda Guerra Mundial para tratar, por exemplo, feridas em soldados. O deputado também disse ter ciência sobre a ausência de comprovação científica quanto à eficácia do tratamento, mas avaliou que "a medicina vive de incertezas".
- É uma ciência de 130 anos, foi mais usada na Segunda Guerra mundial para pessoas que perderam partes do corpo, feridas. O ozônio cura 236 doenças. Quanto à covid, precisa pesquisar? A medicina vive de incertezas, a doença vem sempre antes do remédio. Eu defendo a ciência, mas numa pandemia é direito do ser humano e encontrar o seu caminho para se salvar. Na ciência existe um delay entre a comprovação e as doenças - afirmou.
Em nota encaminhada à coluna o deputado também afirmou que a prática não deve substituir métodos convencionais de tratamento (contra qualquer doença), mas sim como uma medida complementar que, na visão dele, pode trazer benefício aos pacientes.
"A ozonioterapia é definida como tal na forma de uma prática complementar, e não substitutiva dos métodos convencionais da prática médica, justificando seu apontamento na determinação das PICS pelo Ministério da Saúde. Especialmente face à situação da saúde pública no Brasil e dos recursos restritos para se atender à demanda crescente – 77% da população depende do SUS, o que significa 164 milhões de brasileiros", afirmou.
Outro lado
O programa Timeline, da Rádio Gaúcha, ouviu nesta semana o chefe do Serviço de Infectologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Eduardo Sprinz. O especialista se declarou estupefato com a divulgação do prefeito:
— É uma coisa inacreditável. Prefiro muito mais usar a máscara e outros mandamentos para evitar a contaminação. Em termos de seriedade, existe uma ideia de que o ozônio possa ter capacidade parecida com a do álcool gel. Agora, usar em pessoas como tratamento, é certamente uma inovação, via retal ainda. Eu desconheço qualquer coisa assim. Estou estupefato, surpreso com tudo isso.