Alvejado pela esquerda após questionar Marcelo Adnet no programa Roda Viva, da TV Cultura, o apresentador Marcelo Tas conversou com o programa Timeline, da Rádio Gaúcha, nesta quinta-feira (20). Tas voltou a usar o exemplo de Cuba como um modelo de administração a não ser seguido porque é onde, segundo ele, não há liberdade de expressão.
— Queria ver um humorista (cubano) falando do Fidel, do Raul Castro — provocou.
Na conversa, expressou profunda admiração pelo trabalho de Adnet, considerado por ele o grande humorista do Brasil na atualidade. No entanto, seguiu com sua postura crítica à esquerda brasileira, cobrando gestões petistas por equívocos apontados na entrevista.
Como exemplo, citou a a construção da Usina de Belo Monte e os reflexos para o meio ambiente.
— Não vou nem trazer a crítica da Lava-Jato. Vocês acham que Belo Monte já foi debatida pela esquerda? Os danos causados na Amazônia são muito maiores que os causados por esse governo à Amazônia. Por que a esquerda não faz uma leitura crítica de Belo Monte? Vamos olhar: Belo Monte é um erro nosso — apontou.
Tas também foi questionado sobre seu próprio posicionamento, se pode ser considerado alguém "de direita":
— Eu sou do contra. As pessoas dizem: "Ah, se ele não é de esquerda, nem de direita, ele é isentão". Eu sou um radical do contra. Eu nasci errado. Eu confrontava pessoas de direita, de esquerda — afirmou.
Quanto ao atual governo, Tas declarou que Bolsonaro age com truculência e atua para cercear a liberdade de expressão. O apresentador também mencionou posturas "racistas" e "homofóbicas" do presidente, e citou o caso em que foi processado judicialmente pelo então candidato à Presidência e deputado federal Jair Bolsonaro.
— A intenção dele é que eu parasse de dar minha opinião. Eu ganhei essa causa. Foi uma causa de tentativa de cerceamento de expressão. Numa entrevista como essa, eu disse que Bolsonaro tem posturas racistas e homofóbicas, o pedido era que cada vez que eu falasse isso eu pagasse R$ 10 mil. Eu ganhei. Ele me deve R$ 2 mil. O bolsonarismo age com truculência — explicou.
Quanto à menção feita sobre Cuba e ao regime dos irmãos Castro, Tas destacou como pontos negativos o cerceamento à liberdade e episódios de homofobia:
— No caso da esquerda, há um ressentimento. Inclusive perseguição a gays, Fidel reconheceu que durante duas décadas perseguiu gays, pediu desculpas — afirmou.
Nas críticas direcionadas ao ex-presidente Lula, Tas fez um paralelo com o "bolsonarismo":
— A esquerda parece uma barata tonta. Se a esquerda não souber dialogar, ela vai perder cada vez mais espaço. E eu falo isso com tristeza. O bolsonarismo tem uma linguagem direta, tweet. (Se não mudar) Ela vai rodar de novo, como ela rodou nas últimas eleições. A atuação deles, inclusive no endeusamento de Lula... O Lula é uma figura, no mínimo, duvidosa. Quem trouxe o Temer pro Executivo foi o Lula. Ele usou Sarney, Jader Barbalho, Edson Lobão. Bolsonaro agora está agindo como Lula. Pegou Temer, pegou o centrão — acrescentou.