O advogado Fábio Medina Osório teve seu nome citado no relatório produzido pelo Ministério Público Federal, que embasou a operação deflagrada na última sexta-feira para apurar um esquema de corrupção organizado dentro do governo de Wilson Witzel no Rio de Janeiro. Por determinação do STJ, o chefe do Executivo fluminense foi afastado do cargo por 180 dias. A operação também resultou na prisão de personagens influentes no governo, entre eles o Pastor Everaldo (PSC), apontado como um dos chefes do esquema na área da saúde.
Conforme informações publicadas pelo jornal O Globo, o nome de Medina Osório consta no relatório porque ele foi sócio de Wilson Witzel em seu escritório de advocacia. Na edição desta segunda-feira (31), reportagem aponta o recebimento por Witzel de R$ 900 mil, em 2018, por supostos serviços prestados a dois escritórios. Deste montante, R$ 500 mil se referem a um acordo de rescisão com o grupo de Osório.
Em manifestação à coluna na tarde desta segunda-feira, Medina Osório falou sobre o pagamento (citado no relatório), ressaltou que não é investigado na operação e negou qualquer irregularidade.
- A rescisão do contrato de Witzel pode ter sido inusual, porque ele acabou se elegendo governador e ficou pouco tempo no escritório, e isso chamou a atenção da Receita e acabou sendo objeto de registro no relatório do MPF (Ministério Público Federal). Mas nem mesmo o MPF ou a Receita dizem que foi uma operação ilegal (o pagamento), pois não foi. E tanto não foi que sequer foi alvo de investigação ou processo. E, se fosse, seria abuso de autoridade. Uma rescisão contratual legítima e transparente - assegurou.
Na sexta-feira, dia da operação, reportagem do jornal Extra já havia citado a a proximidade de Medina Osório com Witzel, destacando a presença do advogado no encontro semanal do governador com amigos no Palácio das Laranjeiras. Eram frequentadores: parceiros, aliados e, especialmente, "gente interessada em fechar negócios" com o governo do Rio de Janeiro. O grupo ficou conhecido como "clube do charuto”.
Ao Globo, Fábio Medina Osório afirmou que teve com Witzel apenas uma "relação republicana". Ele disse que conheceu o agora governador afastado quando ele era presidente da Associação de Juízes Federais do Rio de Janeiro (Ajufe).
Osório afirmou que Witzel deixou a magistratura (era juiz federal) para ingressar no seu escritório, por ser "amigo" e possuir "experiência na magistratura". Como venceu as eleições para governador do Rio, "não deu tempo" para continuar desenvolvendo o trabalho. Os R$ 500 mil, portanto, foram pagos pelo trabalho realizado e como acordo de rescisão, segundo ele.
"Ninguém acreditava na vitória dele. Foi grande surpresa para todos nós. Quando retornou, vitorioso, decidimos desligá-lo do escritório", afirmou ao repórter Chico Otávio, de O Globo.
Fábio Medina Osório é formado em Direito pela UFRGS e fez carreira como promotor de Justiça no Rio Grande do Sul. Na política, além de Advogado-Geral da União no governo Temer, foi secretário-adjunto da Justiça e da Segurança na gestão de Germano Rigotto, quando o titular da pasta fora José Otávio Germano, que chegou a ser investigado (já enquanto deputado federal) pela Operação Lava-Jato.
Atualmente, além de liderar seu escritório de advocacia, Medina é presidente da Comissão Especial de Direito Administrativo Sancionador da OAB em nível nacional.