A tensão gerada pela pressão de investidores para que o Brasil ajuste a política ambiental chegou Senado após reunião entre parlamentares e o vice-presidente Hamilton Mourão ontem. Presente na discussão, a senadora Kátia Abreu (PP-TO) avaliou a política ambiental do governo Bolsonaro em entrevista ao programa Timeline, nesta quarta-feira (15). Abreu, ministra da Agricultura na gestão de Dilma Rousseff, afirmou que os ruralistas que apoiaram as ações do governo "brincaram com gasolina na beira da fogueira" e "começam a pagar um preço alto por isso".
— Eles brincaram com gasolina na beira da fogueira. Agora começam a pagar um preço alto por isso. Está aí o desastre que estamos vivendo, afirmou.
Para a senadora, primeira mulher a chefiar a pasta da Agricultura, os ministros da chamada "ala ideológica" causam prejuízos ao país ao tentarem ser "mais radicais que o presidente":
—Esses ministros bolsomínions, radicais, que querem despertar a paixão de Bolsonaro, eles causam prejuízo ao país. E vão perder o cargo. Eu sei como esse cabo de guerra termina. Termina sempre com a demissão de um ministro inconsequente.
Por outro lado, Kátia Abreu fez ressalvas ao governo, especialmente aos nomes do vice-presidente Hamilton Mourão e da atual ministra da Agricultura Tereza Cristina.
— Eu quero excetuar a competência da Tereza Cristina a quem conheço há quase 20 anos. É uma pessoa técnica. Nós tivemos um período onde o ministério da Agricultura voltou para o hall de ministérios que tiveram distribuição política. Nós tivemos um prejuízo enorme. Graças a Deus, a presidente Dilma resgatou isso e eu fui para o ministério como uma técnica. Depois de mim, o próprio Michel Temer escolheu o Blairo Maggi para me subistituir, e agora o Bolsonaro escolheu a Tereza Cristina. Não significa que nós não fomos merecedores disso. Foi o agro que foi merecedor.