Em novo capítulo da disputa travada entre Jair Bolsonaro e Sergio Moro, o presidente da República disparou contra o ex-subordinado. Neste sábado, quando Moro prestará depoimento à Polícia Federal para formalizar as acusações que fez contra o chefe do Executivo, o capitão chamou Moro de "Judas", em alusão ao apóstolo que traiu Jesus Cristo às vésperas de sua morte. O incômodo se tornou público após o ex-juiz da Lava-Jato pedir demissão e acusar o presidente de interferir politicamente na Polícia Federal.
Escreveu Bolsonaro, em sua conta nas redes sociais:
"- Os mandantes estão em Brasília?
- O Judas, que hoje deporá, interferiu para que não se investigasse?
- Nada farei que não esteja de acordo com a Constituição.
- Mas também NÃO ADMITIREI que façam contra MIM e ao nosso Brasil passando por cima da mesma Constituição".
O ex-ministro da Justiça Sergio Moro estará diante da Polícia Federal neste sábado (2), em Curitiba. Desta vez, no entanto, em papel diferente do que estava acostumado enquanto juiz federal responsável pela Operação Lava-Jato, que nasceu na capital do Paraná. Em inquérito instaurado a partir de despacho de 17 páginas do ministro decano do STF, Celso de Mello, Moro prestará depoimento a respeito das declarações que fez contra o presidente da República, acusado por ele de cometer interferência política no comando da Polícia Federal.
O inquérito foi instaurado pelo STF, a partir de um pedido feito pelo Procurador-Geral da República, Augusto Aras. E cabe aqui um parêntese. Trata-se de expediente para apurar a veracidade das informações prestados por Moro, ou seja, caso não sejam comprovadas as acusações feitas pelo ex-ministro da Justiça, o feitiço poderia virar contra o feiticeiro. Por isso, nos bastidores, há quem classifique o inquérito como um duelo Moro x Bolsonaro.