A 14ª Bienal do Mercosul abre as portas na próxima quinta-feira (27), mas um dos legados para a cidade já pode ser admirado. Em fase final de pintura, a fachada da Fundação Ecarta, na esquina da Rua Lopo Gonçalves com a Avenida João Pessoa, diante da Redenção, recebe as cores do boliviano Freddy Mamani.
Mamani se destaca pelo trabalho na arquitetura neo-andina, ou cholet, como prefere chamar. O estilo é marcado pelas cores vibrantes e pela mescla de estéticas: arquitetura ocidental moderna, elementos do barroco latino-americano e chinês, influências andinas, folclóricas, com toques de futurismo, anime e ficção científica.
Em El Alto, Bolívia, onde cresceu, são mais de 100 edifícios projetados, construídos e pintados por ele. O artista já expôs em grandes vitrines internacionais, como a Fundação Cartier, em Paris, o MoMA, Nova Iorque, e a Bienal de Sydney, Austrália.
— O meu trabalho significa uma integração de povos por meio da cultura e das cores — afirma o boliviano.
A conexão entre a Fundação Ecarta e Mamani foi feita pela equipe da Bienal do Mercosul, que buscava um prédio adequado para receber a intervenção. A pintura deve ser finalizada na próxima quarta-feira (26), após cerca de duas semanas de trabalho. A arte, então, ficará como um presente para a fundação — que celebra 20 anos no dia 29 de abril — e para a cidade.
Mesmo antes da conclusão, a transformação da fachada já chama a atenção de quem passa pela esquina. Muitos param para observar, tirar fotos e elogiar o trabalho.
— Estou gostando da cidade. As pessoas param para tirar foto, perguntar o que é e elogiar, dizem que está ficando bonito — afirma.
Quem é Freddy Mamani
Descendente do povo andino pré-colombiano aymara, nasceu em 1971 em Catavi, um vilarejo rural da Bolívia. Cresceu na cidade de El Alto, onde trabalhou como pedreiro com seu pai. Posteriormente, Freddy estudou engenharia e arquitetura.
Serviço
Além da intervenção na fachada, a Fundação Ecarta recebe obras de outros três artistas durante a 14ª Bienal do Mercosul: Minia Biabiany (França), Tang Han (China) e Sara Modiano (Colômbia). A visitação, a partir do dia 27, é gratuita e acontece de terça a domingo, das 10h às 18h.
*Produção: Maria Clara Centeno