Arrasado pela enchente de maio de 2024, o Cais Embarcadero, às margens do Guaíba, deve reabrir entre agosto e setembro, "do jeito que for". A previsão é do empresário Eugênio Corrêa, idealizador e um dos fundadores do espaço, que deu vida aos armazéns até então esquecidos do porto, na cidade que, ironicamente, leva esta palavra no nome.
Inaugurado em 2021, o Embarcadero tornou-se um marco para Porto Alegre, porque provou que é possível, sim, revitalizar a área e fazer dela um lugar atrativo sem a necessidade de investimentos bilionários — apenas usando a estrutura que já existe e tornando-a melhor. Composto por 40 empreendimentos, em sua maioria bares, restaurantes e lojas, o local virou ponto turístico e ajudou a Capital a acordar para a importância cultural, social e econômica da área portuária.
Até que veio a catástrofe climática. Estive lá, após a enxurrada, e vi de perto o tamanho do estrago. Havia móveis revirados, madeira retorcida, deques, passarelas e corrimões arrancados, pisos avariados, vidraças estilhaçadas, lama, lixo e areia por tudo, mas, desde o início, investidores e parceiros apostaram na retomada.
A limpeza começou no início de junho e, desde então, diariamente, equipes trabalham no local para recompor a estrutura. O objetivo, segundo Corrêa, é fazer o possível para voltar a receber o público em cerca de dois meses.
— Eu quero reabrir em agosto. Botei essa meta. Mas não sei se conseguiremos. É mais provável que seja em setembro. Mas vamos voltar e vamos reabrir, disso, não tenho dúvidas — diz Corrêa.
Ele falou sobre o assunto durante a gravação do Perimetral Podcast desta semana, que irá ao ar, nas plataformas de vídeo o áudio, na próxima sexta-feira (28). O programa é apresentado por Paulo Germano e eu e terá, ainda, a participação de Carla Tellini, dona do Press do Cais, e Nico Ventre, um dos sócios à frente do Eat Kitchen. Os dois restaurantes estavam entre os mais procurados do Embarcadero até o fechamento e foram muito prejudicados.
No caso do Press, os móveis simplesmente sumiram: foram levados pela correnteza do Guaíba. No Eat Kitchen, a sensação que se tinha era de que uma bomba havia explodido no local, tamanho o impacto da cheia. Como Corrêa, os dois também estão comprometidos a voltar à ativa, com novidades nos projetos.
— Já que temos de reconstruir tudo do zero, vamos aproveitar o momento para trazer algumas novidades. Também vamos repensar a estrutura, de forma que estejamos melhor preparados, caso ocorra uma nova enchente — afirma Carla.
Discussão contratual
Um dos pontos que ainda está em discussão é a ampliação do prazo de contrato do Cais Embarcadero com o governo do Estado e a nova concessionária para o uso do espaço. Inicialmente, eram cinco anos, sendo que, agora, ainda há dois anos pela frente, o que, na avaliação dos empreendedores envolvidos, é pouco tempo para o tamanho do investimento necessário para a revitalização de 100% do espaço.
Segundo Eugênio Corrêa, as tratativas já estão em andamento e há sinalização do governo para a postergação.
— Está praticamente certo. Só estamos aguardando o anúncio oficial — diz Corrêa.
Perimetral Podcast
O episódio sobre o futuro do Cais Embarcadero entra no ar, nas plataformas de streaming, na próxima sexta-feira (28), no fim da tarde. Enquanto isso, você pode assistir os demais episódios. O mais recente tratou da retomada de alguns símbolos de Porto Alegre, como a Casa de Cultura Mario Quintana, o bar Opinião e os restaurantes Chalé da Praça XV e 360 Poa Gastrobar.