Estou sem luz há 36 horas. Eu e 454 mil clientes no Rio Grande do Sul, segundo os últimos boletins divulgados pela RGE e pela CEEE Equatorial, publicados na manhã desta quinta-feira (18). O temporal que desabou sobre o Estado no início da semana está nos obrigando a aprender a viver sem energia elétrica.
Poderia ser pior? Poderia, sem dúvida. A questão é que pagamos caro por um serviço que não está sendo prestado a contento. O jeito, além de reclamar, é se adaptar.
Você viu: há filas por todos os lados nos supermercados, e não é nos caixas. É gente atrás de tomada para carregar o telefone celular - nos banheiros, no estacionamento, nos corredores e em qualquer cantinho. Achar uma tomada ligada é a nova "corrida pelo ouro".
A que ponto chegamos.
Faltam gelo (os alimentos estão estragando nas geladeiras) e velas. Sim, velas, como antigamente. Eu mesma comprei um pacote delas no mercadinho do bairro Menino Deus, onde moro. Só restavam as coloridas. Escolhi as azuis celestiais (vai que os astros ajudem).
Espalhamos algumas delas pela casa e fizemos um jantar "romântico" com pastéis comprados no mesmo mercadinho. O banho foi frio mesmo, fazer o quê. Tem gente que nem água tem. No meu caso, a caixa d'água deu conta. Por enquanto.
Alguns conhecidos decidiram recorrer aos sogros, cunhados, pais e amigos - os felizardos que já têm luz. Outros, mudaram-se para hotéis.
E a gasolina? Não uso carro, porque moro perto do trabalho. Mas soube que, nos postos de combustível, motoristas estão fazendo fila onde há energia (com o sistema funcionando). Onde a luz ainda não voltou, a única alternativa é pagar com dinheiro.
Aí eu pergunto: quem carrega dinheiro no bolso hoje em dia? Uma colega tinha R$ 10 na carteira. Foi o jeito, para o carro não parar até chegar na firma.
A que ponto chegamos.