Em menos de três meses, a fúria do clima voltou a atingir o Rio Grande do Sul, causando sofrimento e transtornos. Gente que mal havia saído de uma enchente, voltou a perder tudo outra vez, em mais um evento extremo, depois de semanas de limpeza e de reconstrução.
E o pior é saber que está só começando.
Meteorologistas têm alertado para o fato de que o auge do El Niño ainda não chegou. Será em dezembro - um final de ano e tanto, este, que nos espera. Turbinado pelas mudanças climáticas, o fenômeno provoca estragos como há muito não se via. E vem mais.
Está só começando.
Em menos de três meses, testemunhamos inundações e tempestades no Sul, calor extremo no centro do país, com sensação térmica batendo a casa dos 60ºC, e seca histórica na Amazônia. E a vida segue, como se nada houvesse.
Saiu em todos os jornais: o risco de mortes por calor extremo pode quintuplicar até 2050. "A saúde da humanidade está em grave perigo", avisaram os autores do documento, publicado na prestigiada revista médica The Lancet. Mas nada está acontecendo. Nada mesmo.
Na vizinha Argentina, acaba de ser eleito o novo presidente da República, Javier Milei, que repete a cantilena negacionista de que o aquecimento global é "coisa de socialista". É claro, porque nós, que vivemos no sistema capitalista, graças a Deus, não seremos atingidos. Vamos seguir desmatando, concretando, emitindo CO2, produzindo lixo e consumindo como se nada houvesse.
E o pior, você já sabe: é saber que tudo isso está recém no começo.
Não, não olhe para cima. Melhor assim.