É difícil sair indiferente do cinema depois de assistir ao documentário Elis & Tom - Só Tinha de Ser com Você. Decidi trazer o tema à coluna, porque o filme dirigido por Roberto de Oliveira não é uma película qualquer. É um retrato da força criativa do Brasil e do que somos capazes. Faz bem revisitar nossa história e ter orgulho dela.
Incrível perceber como um disco gravado em 1974, às vésperas de completar cinco décadas, pode ser tão impactante e ainda dizer tanto. Em um tempo marcado por sucessos voláteis, fórmulas prontas e canções feitas sob medida para viralizar no TikTok, Elis Regina e Tom Jobim criaram algo que ultrapassa modismos. Nem tudo é efêmero, afinal.
Curioso é saber que o histórico disco, por pouco, não ficou no “quase”. Nas imagens originais da gravação, feitas em Los Angeles por Oliveira (empresário de Elis à época), fica clara a tensão permanente no estúdio. É como se saísse faísca.
Tom acreditava que o disco era dele. Elis tinha certeza de que era dela, e os dois “não se bicavam”. No fim, a mágica se fez: um gênio sabe reconhecer quando está diante de um igual. O resultado da junção é o melhor dos mundos.
Como escreveu o jornalista Arthur de Faria, autor de Elis - Uma biografia musical, vale cada segundo. Vá ver, mesmo se você não conhece o disco ou só ouviu Águas de Março. É talento em estado puro.