Nem os temporais são mais os mesmos - eles mudaram, e para pior. A chuvarada que despencou sobre o Rio Grande do Sul nos últimos dias foi descomunal: inundou e ilhou cidades inteiras (não apenas as áreas ribeirinhas) e alagou casas onde a água jamais havia chegado, surpreendendo moradores atônitos.
As enchentes no leito dos rios Taquari e Caí não são novidade, é verdade. Costumam se repetir todos os anos. Mas o fenômeno que acompanhamos nesta terça-feira (5) nada tem de "normalidade". Longe disso.
A chuvarada veio, confirmando previsões e alertas da Defesa Civil e dos institutos de meteorologia, e espalhou destruição por onde passou. Há famílias destroçadas, gente esperando socorro em cima do telhado e rodovias bloqueadas. E ainda vem mais por aí, com a previsão da volta da chuva nos próximos dias.
É o super El Niño mostrando a cara feia, com dentes arreganhados de bicho selvagem, alimentado pelas mudanças climáticas. A verdade, que alguns ainda insistem em negar, é que estamos começando a pagar a conta por décadas de descaso com o meio ambiente - o famoso "não dá nada". Do jeito mais doloroso possível, estamos nos dando conta do tamanho da encrenca em que nos metemos.
A ação humana inconsequente despejou - e segue despejando - toneladas de CO2 na atmosfera, como se não houvesse amanhã. O planeta está fervendo. Até quando vamos permanecer anestesiados e negando a emergência climática?