Um dos prédios mais imponentes e emblemáticos de Porto Alegre, símbolo da solidariedade, e do amor ao próximo, terá a primeira fase das obras de restauração inaugurada nesta terça-feira (15), com direito a uma surpresa sonora.
Para marcar a data, o antigo campanário de cobre localizado no topo do edifício da Fundação Pão dos Pobres - onde ficam cinco sinos de diferentes tamanhos - voltará a reverberar por 12 horas, após uma década de silêncio.
Fabricada em 1927, a estrutura é ligada a um relógio francês movido a corda, cujas engrenagens e os contrapesos ocupam dois andares do edifício, projetado em 1925 pelo arquiteto alemão Joseph Franz Lutzenberger, pai do ambientalista José Lutzenberger.
Os sinos emitem notas diferentes, e o conjunto badala a cada quarto de hora, com sons distintos para marcar 30 minutos e a hora cheia. A sonoridade de múltiplos timbres poderá ser ouvida de longe.
— É uma forma de mostrar à comunidade que esse restauro não é só a entrega de uma nova pintura. É, também, o restauro de lembranças afetivas da cidade — diz Lucas Volpatto, arquiteto responsável pela revitalização, à frente do escritório Studio 1 Arquitetura.
A partir das 11h desta terça-feira (15), os tapumes que cobrem a edificação serão retirados, deixando à mostra o resultado da delicada tarefa de conservação, que inclui uma série de melhorias - entre elas, a restituição das cores originais da fachada, na Avenida Borges de Medeiros, a recuperação do conjunto escultórico e a instalação de iluminação cênica.
Além de ser um marco arquitetônico da paisagem da Capital, tombado em 2004 pelo município, a sede do Pão dos Pobres é o epicentro de um trabalho exemplar. A edificação foi construída a pedido da Arquidiocese de Porto Alegre para o acolhimento de famílias carentes.
Hoje, a instituição filantrópica atende 1,4 mil crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social, serve mais de 60 mil refeições mensais e oferece acolhimento, apoio emocional, educação e futuro. O badalar dos sinos - mais do que a sonoridade bonita - representa a esperança de um mundo melhor.
Sobre o campanário
Segundo restaurador do relógio ligado aos sinos no campanário do Pão dos Pobres, Cesar Papini, o mecanismo foi fabricado em 1927 pela empresa francesa Lucien Terraillon e Petitjean, da cidade de Perrigny. A construção do exemplar é semelhante à do Big Ben, em Londres, no Reino Unido. O funcionamento no Pão dos Pobre teve início em 1930. Em 2004, ele passou por restauro.
Saiba mais
- O Pão dos Pobres surgiu em 1895, por iniciativa solidária do Cônego José Marcelino de Souza Bitencourt, que buscava amparar viúvas e crianças órfãs durante a Revolução Federalista. O conflito ocorreu no RS entre 1893 e 1895.
- Por solicitação da Arquidiocese de Porto Alegre, o imóvel da Fundação Pão dos Pobres de Santo Antônio foi construído para acolher famílias carentes que já eram atendidas pela fundação. O prédio foi concebido pelo arquiteto alemão Joseph Lutzenberger.
- Com auxílio da sociedade e de muitas doações, o imóvel foi concluído e inaugurado em 1929.
- Atualmente, 120 jovens moram na Fundação Pão dos Pobres, que trabalha com três eixos de atendimento: proteção, prevenção e inserção no mundo e no mercado de trabalho. Mas o total de atendidos, de zero a 18 anos incompletos, em situação de vulnerabilidade social, chega a 1,4 mil.
- São servidas 60 mil refeições mensais.
- No local, também é desenvolvido o serviço de Aprendizagem Profissional, com a oferta semestral de 13 cursos que preparam os jovens, a partir de 14 anos, para o mercado de trabalho.
- Quem quiser doar e ajudar no restauro da Fundação Pão dos Pobres pode entrar em contato com Cecília Muccillo Daudt pelo e-mail praxisgestaodeprojetos@gmail.com.
- Para mais informações, acesse este link.