Após décadas sem grandes alterações, o fardamento da Brigada Militar está ganhando uma nova "cara". Por trás da mudança, apresentada nesta quinta-feira (6), em Porto Alegre, está um conceito inspirado nos padrões adotados pelas principais forças policiais e militares do mundo, entre elas a SWAT e os SEALs, tropas de elite dos Estados Unidos.
Conversei com o comandante-Geral da BM, coronel Cláudio dos Santos Feoli, sobre as modificações - que incluem, por exemplo, a adoção de bonés com proteção contra raios ultravioleta, água e óleo, gandolas (parte superior da farda) 100% de algodão para maior flexibilidade e conforto sob os coletes à prova de balas, calças com múltiplos bolsos e roupas térmicas do tipo "segunda pele" para os dias de frio.
Há três décadas na corporação, Feoli diz que presenciou apenas avanços pontuais no design da farda. Um deles, conta ele, envolveu a adoção das jaquetas de couro, anos atrás. Foi uma "revolução", já que, antes disso, os PMS eram obrigados a usar uma espécie de sobretudo que ia do pescoço aos pés (imagine ter de correr atrás de um criminoso vestindo isso...).
Hoje ultrapassados e próximos da aposentadoria, os casacos de couro devem começar a ser substituídos por novos modelos (impermeáveis, mais leves e com capuz) ainda este ano. Será o próximo passo na atualização em curso, que foi pensada com três principais objetivos: levar maior bem-estar à tropa, garantir mais segurança, resistência e mobilidade e, como consequência das duas primeiras metas, melhorar os serviços prestados à população.
— Temos de valorizar nossa história, mas não podemos ficar presos ao passado. Buscamos referências no que há de melhor no mundo. A farda deixou de ser uma simples roupa para se tornar um EPI (equipamento de proteção individual). Acreditamos que essas alterações também vão mexer com a autoestima dos nossos policiais e, consequentemente, na qualidade do serviço — diz o coronel, conhecido por atuar na linha de frente.
Para isso, mínimos detalhes foram pensados. Por exemplo: a inclusão de bolsos nos braços. Parece algo comum, certo? Nem tanto. Há a questão funcional, é claro, mas não é só isso. Os bolsos, segundo o comandante, aumentam o volume dos bíceps e dão uma impressão de imposição física aos policiais. Como se sabe, a imagem da polícia também interfere na ação dos criminosos. Agora, ao que parece, eles terão mais motivos para temer a Brigada Militar.