Eva Sopher, com a sensibilidade que tinha, percebeu logo: o Multipalco do Theatro São Pedro era o lugar certo para ajudar uma ideia que nasceu pequena a crescer, ganhar força e salvar - sim, salvar é o termo - meninos e meninas do mundo das drogas e do crime.
Isso foi em 2012. De lá para cá, contando desde sua fundação, a ONG Sol Maior já mudou a vida de 5 mil crianças e adolescentes e, agora, o trabalho está sendo ampliado.
Faço questão de trazer exemplos como esse à coluna para mostrar que é possível, sim, fazer algo pelo próximo, mesmo quando parece pouco e ainda que o início seja difícil.
Quando a psiquiatra Maria Teresa Campos e o engenheiro César Franarin decidiram criar o projeto, a ONG começou recebendo 50 alunos por ano. A ideia era atrair a garotada para oficinas de dança, canto e música (foto) de um jeito leve e divertido, e, por meio da arte, ensinar lições de ética e cidadania. Tudo isso, claro, no turno inverso ao da escola e exigindo dedicação aos estudos.
Veja bem: sem dinheiro público, com o apoio de empresas parceiras, aqueles 50 lá do início passaram a 100, 200, 300. Em 2022, eram 450 e, hoje, o número chega a 530 atendidos por ano, não só no Multipalco, mas também na periferia de Porto Alegre - os professores vão até os alunos e suas famílias.
E os resultados? São impressionantes. Índice de evasão zero, 95% de frequência, 98,5% de aprovação na escola e 94% dos egressos - que cresceram e foram ganhar a vida - empregados ou em estágio profissional.
— Nós nunca imaginamos que poderíamos chegar tão longe — diz Franarin.
Pois chegaram.