Ao longo dos anos, os velhos mapas de papel, grandalhões e difíceis de manusear, deram lugar ao GPS e aos aplicativos que ajudam, cada vez mais e com maior precisão, a identificar os melhores caminhos em uma viagem - desde que seja a bordo de um veículo. A pé, são “outros 500”. A maioria das cidades não tem calçadas mapeadas. Dá para acreditar?
A boa notícia é que isso está mudando. Pesquisadores do Massachusetts Institute of Technology, o famoso MIT, nos Estados Unidos, decidiram suprir a lacuna em parceria com colegas de Nova York, Illinois e São Paulo. Juntos, eles desenvolveram uma ferramenta virtual de código aberto (escalável e adaptável a qualquer lugar do mundo) chamada TILE2NET, divulgada no MIT News, o site de notícias do instituto.
Para criar o sistema, os especialistas usaram, inicialmente, 20 mil fotos aéreas de Cambridge, Nova York, Washington e Boston, locais onde já existiam mapas abrangentes de áreas de pedestres. A partir daí, eles “treinaram” o modelo de inteligência artificial para reconhecer imagens do tipo. O programa conseguiu identificar 90% ou mais de calçadas, faixas de segurança e trilhas de caminhada. Bingo!
Mapas assim são úteis em diferentes sentidos. Primeiro, porque podem melhorar a orientação das pessoas. Por exemplo: se você está em viagem e quer andar do hotel até um restaurante ou ponto turístico, é possível traçar o melhor percurso a pé sem correr o risco de acabar em uma via impossível de atravessar ou com péssimos passeios públicos.
A iniciativa também é um “pote de ouro” para profissionais do planejamento urbano. Se no século 20 vimos cidades inteiras dando mais e mais espaço aos carros, a tendência, hoje, vai na direção contrária (ufa!). A questão é que, sem dados, não se faz nada, mesmo que haja vontade política. Isso vale para qualquer centro urbano do mundo, inclusive para Porto Alegre, que tem calçadas em condições vergonhosas. Passou da hora de pensar mais nos pedestres e em cidades mais humanas.
Para não pisar em falso
A responsabilidade pelos passeios públicos é dos proprietários de imóveis, mas a solução para o problema das calçadas decrépitas não é fácil. A prefeitura não tem como estar em todos os lugares para fiscalizar tudo e cobrar melhorias dos incautos.
Será que um sistema como o desenvolvido nos EUA não poderia ajudar? Está aí uma ótima oportunidade para a Procempa. A empresa de tecnologia da Capital poderia muito bem procurar os pesquisadores para propor uma parceria.