A pandemia mudou tudo. Até o trânsito. No auge da crise sanitária, com as medidas de distanciamento social e as ruas vazias, o número de acidentes fatais caiu como há muito não se via, o que faz sentido. O problema é o “efeito-rebote” que veio depois. A carnificina nas estradas voltou, não dá sinais de trégua e preocupa.
Nas últimas semanas, tem sido assustador acompanhar as notícias envolvendo veículos demolidos e capotados no Estado, especialmente aos finais de semana. Tem gente morrendo a rodo.
— Infelizmente, o que percebemos é o seguinte: desde a retomada, parece que as pessoas colocaram o pé na jaca. Os números de mortes voltaram aos patamares pré-pandemia, e as perspectivas não são boas — alerta Diza Gonzaga, diretora institucional do Departamento Estadual de Trânsito (Detran).
À frente da Fundação Thiago de Moraes Gonzaga, que há 26 anos faz um trabalho incrível de conscientização ao voltante, Diza tem notado, inclusive, um retrocesso do ponto de vista educativo. Motoristas andam “esquecendo” de aprendizados básicos, como manter uma distância segura em relação ao condutor à frente, dirigir de forma defensiva e não misturar álcool com direção. Isso, é claro, se reflete nas estatísticas.
Segundo dados no site do Detran, o volume de acidentes fatais vinha caindo desde 2018 (quando foram 1.488 casos), até atingir o patamar mais baixo em 2020 (1.336), no auge da crise sanitária. De lá para cá, a coisa piorou: em 2022, foram 1.527 registros. Neste ano, ainda não foram divulgados números consolidados, mas Diza não esconde a inquietação:
— Meu receio é de que o número de mortes que tínhamos no pré-pandemia seja superado. Seria o pior dos mundos.