Não há outra maneira de começar um texto sobre o discurso abjeto do vereador Sandro Fantinel, de Caxias do Sul, senão falando do sentimento de vergonha. Vergonha por ele e por nós, gaúchos, pela postura discriminatória e pela repercussão do episódio no país e no Exterior. É essa a imagem que queremos do Rio Grande do Sul lá fora?
Fez bem, a Câmara de Vereadores do município, ao abrir o processo de cassação do parlamentar na manhã desta quinta-feira (2), em decisão unânime. Não havia outra atitude a tomar diante do caso.
Em discurso na tribuna, na última terça-feira, Fantinel pediu a produtores e empresários para que “não contratem mais aquela gente lá de cima”, e disse ainda que “a única cultura que eles têm é tocar tambor na praia”, em alusão aos baianos. Eles eram a maioria entre os 207 trabalhadores resgatados em condição análoga à escravidão em Bento Gonçalves.
Depois do estrago, Fantinel - que foi expulso de seu partido, o Patriota - tentou remendar, alegando ter sido mal interpretado e pedindo desculpas. Tarde demais.