Demorou, mas o primeiro escalão do governo de Eduardo Leite está fechado, com nomes escolhidos a dedo para áreas consideradas estratégicas pelo governador - que mira longe.
Decidido a fazer de seu segundo mandato uma vitrine da direita democrática no Brasil (que, aliás, nunca precisou tanto disso), Leite reuniu o que interlocutores classificam como um “dream team técnico”. Com currículos extensos, perfis fiscalistas e boa reputação no mercado, eles serão o núcleo duro da gestão.
Na lista, estão os secretários da Fazenda, Pricilla Santana, de Parcerias e Concessões, Pedro Capeluppi, e de Planejamento, Danielle Calazans, última a se juntar à turma.
São três servidores federais experientes, que já trabalharam próximos e se conhecem. Todos ocuparam cargos de chefia no extinto Ministério da Economia, comandado pelo ex-ministro Paulo Guedes.
Pricilla era subsecretária de Relações Financeiras Intergovernamentais, Capeluppi liderou a pasta de Desestatização, Desinvestimento e Mercados, e Danielle foi secretária de Gestão Corporativa e atuou na direção da Caixa Econômica Federal.
Com a mudança de governo, o trio recebeu um caminhão de propostas de trabalho tanto no setor público quanto no privado - inclusive em São Paulo. Acabou prevalecendo a opção mais improvável: o Rio Grande do Sul.
Escalado pelo governador para ajudar na costura, o economista Aod Cunha, que atuou nos bastidores, buscando referências e fazendo contatos, tem convicção de que isso só foi possível graças à projeção de Leite no cenário nacional e ao trabalho realizado no Estado. Um Estado que, até então, figurava nas manchetes devido ao desequilíbrio financeiro e aos atrasos em pagamentos.
Mas não foi só isso. Leite é visto como um quadro promissor, de estilo moderado e bem articulado, capaz de atrair o eleitorado de direita que votou em Jair Bolsonaro, mas que não é extremista - e que não gostou nada do que viu nos últimos suspiros da gestão passada.
Esse espólio mais ao centro, associado sem ressalvas aos aloprados bolsonaristas que destruíram Brasília, ainda não tem dono e não é pequeno.
Leite sabe disso.