Até agora, 327 (65,8%) das 497 prefeituras do Rio Grande do Sul deram exemplo na imunização contra a poliomielite, superando a desinformação criminosa que circula nas redes sociais, e receberam do Ministério Público do Estado (MP) o selo Município Amigo da Vacina. A distinção foi criada no fim de setembro, quando apenas 37% das cidades gaúchas haviam atingido a meta prevista, de 95% de crianças menores de 5 anos protegidas contra a doença.
Chancelado pelo procurador-geral de Justiça, Marcelo Lemos Dornelles, o reconhecimento foi criado como uma forma de estímulo.
— A ideia surgiu em uma reunião na Secretaria Estadual da Saúde, que vinha fazendo um trabalho incansável. A secretária Arita decidiu levar as vacinas às escolas e nos chamou para saber se poderíamos ajudar de alguma maneira. Na hora, sugerimos: e se a gente fizesse um selo? — recorda Luciana Cano Casarotto, coordenadora do Centro de Apoio Operacional da Infância, Juventude, Educação, Família e Sucessões do MP.
Na primeira leva de entregas, 183 municípios receberam a condecoração. Desde então, o número vem crescendo, e as prefeituras exibem com orgulho a conquista, uma vitória diante da difusão de teorias conspiratórias tolas e perigosas.
Em termos populacionais, a cobertura vacinal no RS atingiu 78,07% na Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite, superando o percentual do Brasil (72,57%), segundo dados divulgados no início deste mês. Ainda assim, é fundamental seguir avançando.
Embora a campanha tenha se encerrado, as crianças ainda podem tomar as gotinhas nos postos de saúde. Cada um de nós deve fazer a sua parte.
Os riscos da desinformação
Garantir a maior cobertura vacinal possível é importante para evitar a reintrodução do vírus da paralisia infantil no país. O Brasil registrou o último caso da doença em 1989, mas, desde 2015, há decréscimo na imunização.
Hoje, há ao menos dois países no mundo com circulação da doença: Afeganistão e Paquistão. Neste ano, houve ainda um caso nos EUA.
De acordo com o Núcleo de Imunizações do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), um estudo recente da Organização Pan-Americana da Saúde e do Ministério da Saúde apontou o Rio Grande do Sul como um local de risco.