O jornalista Caio Cigana colabora com a colunista Juliana Bublitz, titular deste espaço
A alta da inflação, que afeta o poder de compra da população, vem desacelerando as vendas de livros no país. De janeiro a maio, a comercialização é até superior ao mesmo período do ano passado, mas se notam resultados não tão bons nos últimos meses. Mesmo assim, o setor tem uma visão otimista do futuro, diz o presidente do Sindicato Nacional de Editores de Livros (SNEL), Dante José Alexandre Cid (foto).
A confiança é alicerçada especialmente em um movimento recente de impulso do hábito da leitura. Começou com a pandemia, quando a necessidade de ficar mais em casa fez os consumidores buscarem novas opções de lazer e para passar o tempo. Os livros foram novos companheiros nos dias mais duros de isolamento social, e seguiram com a demanda aquecida no ano passado. Em 2021, foram vendidos no país 5,43 milhões de unidades, 5% acima de 2020.
As redes sociais foram outro aliado improvável. Cid observa que, em um primeiro momento, se imaginava que seriam competidoras dos livros, por tomar mais tempo das pessoas. Mas também ao longo da pandemia surgiram influenciadores digitais que começaram a indicar obras de literatura, especialmente no TikTok. O resultado foi imediato na procura pelos livros recomendados, mas com potencial de produzir resultados positivos a longo prazo.
- O público do TikTok é jovem. Essas pessoas podem permanecer com o hábito, levar isso para a vida toda - observa Cid, lembrando que os índices de leitura no Brasil ainda são muito baixos.
Uma dor de cabeça do setor tem sido a valorização do dólar, que influencia no custo com o papel. Por enquanto, diz o dirigente, as editoras não estão conseguindo repassar o custo para o preço final. No máximo, vêm diminuindo descontos. Os e-books, por sua vez, estão de certa forma estagnados, com uma participação de apenas 5% a 6% do total de vendas.
Nos primeiros cinco meses de 2022, a comercialização de livros subiu 8,1% e, a receita, 12,35%.